Karl-Peter Griesemann, de 72 anos, estava ao comando do jato privado que se despenhou este domingo, 4 de setembro, no mar Báltico, depois de atravessar meia Europa em piloto automático durante 4h51. Nenhum dos quatro passageiros sobreviveu. O homem alemão era proprietário da companhia aérea Quick Air, com sede na Colónia.

Foi um porta-voz da Quick Air que confirmou ao jornal alemão Express esta segunda-feira, 5 de setembro, a identidade do empresário que pilotava o avião, onde seguia também a sua mulher Juliane, de 68 anos, a filha Lisa, de 26 anos, e o namorado da mesma, Paul Föllmer, de 27 anos.

A família Griesemann era proprietária desde os anos 80 do século passado de um chalé de férias de luxo em Atlanterra, na costa de Cádiz, em Espanha, onde estava a morar temporariamente. Uma zona que, segundo o jornal espanhol El Mundo, tem várias vivendas de luxo e até uma praia conhecida como “a dos alemães”, por atrair muitos veraneantes endinheirados daquele país.

Os quatro passageiros seguiam num jato privado Cessna 515 registado na Áustria, que descolou do aeroporto de Jérez de la Frontera, no sul de Espanha, perto das 14h56 (hora local). Na altura em que estava a sair da Península Ibérica e a entrar eo espaço aéreo de França, por volta das 16h15, o alemão ao comando da nave avisou o que a cabine tinha despressurizado. A partir daí, não houve mais comunicações e as tentativas para contactar o jato foram infrutíferas.

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Como o Observador explicou num especial, o “avião fantasma”, fabricado em 1979, sobrevoou meia Europa em piloto automático, tendo sido escoltado por caças dos países que atravessou e até por aviões de guerra da NATO. A impossibilidade de estabelecer contacto levou as autoridades a acreditar desde cedo que passageiros e piloto teriam perdido os sentidos ou morrido. A aeronave despenhou-se finalmente às 19h45 nas águas do mar Báltico, a cerca de 35 quilómetros da costa da Estónia.

Quem é a família Griesemann?

Karl-Peter Griesemann era conhecido por ter duas grandes paixões: a aviação e o carnaval. Foi, inclusivamente, presidente honorário de um clube de carnaval alemão chamado Blaue Funken, fundado em 1954. Segundo o jornal online Focus, o patriarca pegava no seu jato sempre que podia para ir de férias com a família e os amigos para a sua casa no sul de Espanha.

Griesemann estava envolvido na organização do carnaval de Colónia há mais de duas décadas. Os seus dois filhos, Björn e Georg — que não seguiam no avião — também estão envolvidos no mesmo grupo. Já a filha Lisa, que morreu no desastre deste domingo, era apaixonada por equitação.

Durante a crise económica provocada pela pandemia da Covid-19, Griesemann manteve um espírito alegre e o seu envolvimento no grupo de carnaval, ainda que as circunstâncias tenham forçado uma paragem dos eventos. Os conhecidos, reporta ainda o jornal alemão, descrevem-no como “prestável” e “virado para as pessoas”. “Ele e a mulher foram sempre muito amigáveis”, recordou Hans Kölschbach, conhecido da família.

Karl-Peter tinha uma forte ligação à família. O filho Björn foi eleito príncipe do carnaval em 2014 e é o atual presidente da Blaue Funken, além de ser responsável pela gestão industrial da empresa do pai. Já Georg está à frente das operações da Quick Air no aeroporto de Colónia. Lisa e o parceiro, Paul, tinham comprado um estábulo perto de Bonn no ano passado.

O empresário alemão estaria ainda a recuperar de uma doença grave recente, que não é especificada pelo meio de comunicação. Uma fonte adiantou que tinha partilhado estar contente por poder voltar a voar.

Em março deste ano, a Quick Air participou numa missão humanitária para evacuar uma família ucraniana vítima de um tiroteio militar. A mãe e a filha, de 16 anos, teriam ficado severamente feridas enquanto o pai e o filho de 8 anos escaparam ilesos. A família foi transportada para Berlim, onde recebeu assistência médica no hospital universitário Berlin Charité.