História é história e fez esta semana duas décadas de um momento histórico no US Open e no próprio ténis mundial, quando Pete Sampras bateu o seu compatriota Andre Agassi em quatro sets, ganhou pela quinta vez o Major norte-americano e chegou aos 14 Grand Slams. Embora não tenha terminado aí oficialmente a carreira (algo que chegaria uns meses depois), esse foi o último encontro a sério daquele que foi um dos melhores jogadores de sempre e que, pensava-se, teria sempre um lugar reservado no topo por ser a figura com mais Grand Slams, mais dois do que Roy Emerson e mais três do que o ídolo Rod Laver e Bjorn Borg. Um ano depois, Roger Federer ganhou o primeiro Major, em Wimbledon. E tudo mudou.

Esse triunfo do suíço com o australiano Mark Philippoussis foi como que o abrir de uma Caixa de Pandora que mudaria o ténis e o desporto mundial nas duas décadas até aqui. Rafa Nadal, em 2005, bateu na final de Roland Garros o argentino Mariano Puerta e ganhou também o seu primeiro Grand Slam. Novak Djokovic, em 2008, bateu o francês Jo-Wilfried Tsonga na final do Open da Austrália e conseguiu o seu primeiro Major. Aquilo que todos estariam muito longe de pensar era que, 20 anos depois, aqueles que se tornaram os Três Mosqueteiros somavam um total de 63 Grand Slams, todos com mais do que Sampras e com uma divisão de terrenos e recordes entre Djokovic (nove vitórias em Melbourne), Nadal (14 triunfos em Paris) e Federer (oito conquistas em Londres). Agora, começa a abrir-se uma nova era.

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Depois de cinco jogadores partirem para esta edição de 2022 (marcada de novo pela ausência de Djokovic por não estar vacinado) com a possibilidade de chegarem à liderança do ranking ATP, a final do US Open coloca tudo em jogo entre Casper Ruud e Carlos Alcaraz, do primeiro Grand Slam ao número mundial. E cada um a fazer já um pouco de história no caminho até esse encontro decisivo neste domingo.

Na primeira meia-final realizada esta noite/madrugada em Nova Iorque, Casper Ruud venceu o russo Karen Khachanov em quatro sets (7-6, 6-2, 5-7 e 6-2) e qualificou-se para a sua segunda final de Grand Slam da temporada depois de ter chegado à decisão em Roland Garros onde perdeu frente a Rafa Nadal. E para se ter noção do feito, basta recordar que o norueguês de 23 anos nunca tinha chegado a uma segunda semana de Major até 2022. O Bola Amarela destaca ainda mais um ponto no percurso de Rudd: passou a ser o primeiro tenista nascido nos anos 90 a chegar a duas finais de Grand Slam no mesmo ano mas em superfícies diferentes, algo que os já vencedores Medvedev ou Dominic Thiem não alcançaram.

A seguir, e numa maratona que parecia mais ou menos “prometida” perante o percurso até esta fase do US Open, Carlos Alcaraz e Frances Tiafoe voltaram a jogar mais de quatro horas para uma vitória do espanhol em cinco sets por 6-7, 6-3, 6-1, 6-7 e 6-3 (ainda assim mais curta dentro do comprido do que tinha feito nos quartos com o italiano Jannik Sinner). Depois de ter chegado no ano passado aos quartos da competição, Alcaraz, de 19 anos, alcançou assim a primeira final de um Grand Slam, sendo também o mais novo a chegar a esse feito desde que Rafa Nadal bateu Mariano Puerta na final de Roland Garros em 2005. E com outra curiosidade que nos remete para o início deste texto: o espanhol é o segundo finalista mais novo de sempre no US Open em Era Open (a partir de 1968), apenas atrás de… Pete Sampras.