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De cabelo e barba desgrenhados e braço atado ao peito, visivelmente cansado, mas com um leve sorriso no rosto. Foi assim que Mykhailo Dianov apareceu numa fotografia tirada em maio na fábrica de Azovstal, na altura o último ponto de resistência ucraniana na cidade portuária de Mariupol. Uma imagem divulgada esta segunda-feira mostra um homem diferente, depois de meses em cativeiro russo.

Dianov, de 42 anos, foi um dos ucranianos libertados na mais recente troca de prisioneiros de guerra entre a Ucrânia e a Rússia. Depois da luta para defender o complexo de Azovstal, foi um dos soldados levados como prisioneiros de guerra pelas forças russas. Imagens agora partilhadas por vários meios de comunicação internacionais mostram um antes e um depois dos quatro meses em que esteve detido.

Nas fotografias, captadas depois da libertação num hospital em Chernihiv, Dianov surge bastante magro, com cicatrizes e hematomas, o braço direito deformado. Desde então foi transferido para o hospital militar de Kiev, onde precisará de receber um tratamento prolongado.

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Ferido durante a defesa de Mariupol, o soldado não recebeu o tratamento médico necessário durante o cativeiro, disse à Ukrainska Pravda a irmã, Alona Lavrushko. “Ele tem um problema no braço, pode haver um abcesso. Precisa de passar por uma cirurgia para inserir um placa no osso, porque faltam 4 centímetros de osso e tudo isso precisa de ser corrigido”, explicou.

Retiraram o objeto alojado no seu braço sem anestesia, sem nada, usando um alicate enferrujado”, denunciou.

Por agora o soldado ainda não pode ser operado e precisa de recuperar peso primeiro, depois de ter perdido 30% do peso normal. “A condição física é séria, mas mentalmente Mykhail é muito forte. Ele está extremamente feliz de estar de volta”, acrescentou a irmã.

Na quarta-feira, Kiev e Moscovo trocaram 271 prisioneiros de guerra, entre os quais o ex-deputado e aliado de Putin Viktor Medvedchuk, cinco comandantes de Azovstal e 10 soldados estrangeiros que combateram ao lado das forças ucranianos.

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Desde então têm surgido relatos sobre falta de condições, bem como tratamentos abusivos e de tortura. Shaun Pinner, de 48 anos, diz ter sido submetido a facadas, choques elétricos e a espancamentos diários. “Um homem apontou-me uma pistola à nuca, carregou-a e disse ‘vais morrer agora’. Pensei que seria o meu fim, foi então que começou a rir e disse que estava a brincar… Depois começou a chicotear-me”, descreveu o soldado britânico. Já o britânico Aiden Aslin, de 28 anos, descreveu ter sido “mais mal tratado que um cão” durante os cinco meses que passou na solitária.

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