Treze jogos, outras tantas vitórias. Líder do Campeonato, líder do grupo na Champions (que atingiu após passar duas eliminatórias). 19 golos marcados numa média superior a 2,5 por partida na Primeira Liga, só três sofridos numa médio inferior a 0,5 na Primeira Liga. Futebol atrativo, jogo em campo grande, uma série de respostas às dúvidas que ainda existiam. Conseguiria a equipa aguentar fisicamente o ritmo e a intensidade colocada em campo com as mesmas opções? Sim. Conseguiria João Mário consolidar-se na equipa mesmo com novos jogadores para a frente? Sim. Conseguiria o conjunto da Luz superar os testes mais complicados? Sim. Após a vitória em Turim e a goleada com o Marítimo, veio a paragem.

V. Guimarães-Benfica. Varela defende livre direto de Grimaldo (0-0, 70′)

“Não penso nisso, se foi bom ou mau ter a interrupção, porque é o que é. Tínhamos jogado muitos jogos antes, ganhámos muito. Por um lado gostaria de ter continuado, porque estávamos num bom momento, mas por outro a carga sobre os jogadores era grande e não fez mal termos algum descanso. A dificuldade agora é relançar tudo isto, aquecer os motores. Se amanhã [sábado] o jogo correr bem não se pode dizer que tenha sido negativo, mais difícil será para os que jogaram nas seleções. Logo veremos o estado em que estão”, comentara Roger Schmidt, abrindo a hipótese de haver algumas mexidas na equipa tendo em conta também o encontro a meio da semana na Luz frente ao PSG a contar para a Liga dos Campeões.

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“Espero um jogo difícil. Nunca os defrontei mas analisámos bem a equipa, recebi muita informação de quem conhece a Liga portuguesa melhor do que eu. Os seus adeptos são muito entusiastas e, olhando para a época que fizeram, só sofreram seis golos. Defendem bem, jogam entrosados, não é fácil marcar-lhes golos e são perigosos na transição. No estádio deles vai ser uma tarefa difícil, sobretudo depois desta pausa, mas queremos jogar como estávamos a jogar antes da paragem. Acho que os jogadores estão contentes, há uma energia positiva na equipa e, como é óbvio, queremos ganhar”, afiançara o alemão, que passara também ao lado do resultado que pudesse sair do Dragão no jogo entre FC Porto e Sp. Braga.

“Se vai ser um mês decisivo? Já defrontámos boas equipas, no início da época houve muita pressão com os jogos do playoff. Já mostrámos que podemos jogar bom futebol, que se pode jogar um futebol muito fiável. Mas as dificuldades não serão só até ao Campeonato do Mundo. Teremos ter grande jogos na próximas semanas mas estamos concentrados no V. Guimarães, não faz sentido olhar já para a Liga dos Campeões porque precisamos de toda a concentração”, acrescentara ainda na antecâmara de um ciclo mais complicado de encontros que terá prolongamento esta quarta-feira na receção na Luz ao PSG mas ainda contará com o encontro em Paris, uma deslocação ao Dragão e o encontro em casa frente à Juventus.

O primeiro não correu bem, a começar pelo resultado e pelos primeiros pontos perdidos no Campeonato que dão outra “vida” ao FC Porto, a golear o Sp. Braga e a ficar a três dos encarnados com um clássico à porta no Dragão. E não correu bem porque quase tudo correu mal à exceção da habitual segurança no setor defensivo que se manteve: o Benfica não recuperou bolas na frente, não teve jogo interior, só conseguiu fazer um remate na área de bola corrida nos descontos (muito por cima, de Draxler) e não criou uma única oportunidade flagrante para marcar. No meio de um autêntico jogo do campo escuro por muito mérito da estratégia do V. Guimarães, Enzo Fernández procurou em vão uma luz que nunca apareceu.

Ficha de jogo

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V. Guimarães-Benfica, 0-0

8.ª jornada da Primeira Liga

Estádio Dom Afonso Henriques, em Guimarães

Árbitro: Rui Costa (AF Porto)

V. Guimarães: Bruno Varela; Bamba, Mikel, André Amaro; Zé Carlos, André André (Dani Silva, 90+5′), Tiago Silva, Afonso Freitas (Ryoya Ogawa, 84′); Jota (Rúben Lameiras, 63′), Anderson (Safira, 63′) e Nelson da Luz (Johnston, 84′)

Suplentes não utilizados: Celton Biai, Matheus Índio, Tounkara e Janvier

Treinador: Moreno

Benfica: Vlachodimos; Bah, Otamendi, António Silva, Grimaldo; Florentino Luís (Arsnes, 70′), Enzo Fernández; David Neres (Draxler, 70′), João Mário (Diogo Gonçalves, 81′), Rafa (Brooks, 90+2′) e Gonçalo Ramos (Musa, 70′)

Suplentes não utilizados: Helton Leite, Gilberto, Chiquinho e Ristic

Treinador: Roger Schmidt

Ação disciplinar: cartão amarelo a André André (41′), Bamba (48′), Rafa (52′), Safira (74′) e Rúben Lameiras (90+3′)

O encontro começou sem aquele Benfica capaz de pressionar alto e de asfixiar a equipa contrária ainda no seu meio-campo, com o primeiro quarto de hora a esgotar-se com apenas cinco ataques e superioridade da formação minhota. A defender com uma linha de três, o V. Guimarães conseguia ir secando as formas de chegar à baliza contrária dos encarnados, tendo uma boa transição com saída pela direita que terminou com um remate de Jota ao lado (4′) e outras projeções interessantes a passar muitas vezes pelos pés de André André e Tiago Silva. Do outro lado, havia pouco Enzo Fernández, muito pouco David Neres e Rafa e ainda menos Gonçalo Ramos, entre o demérito da ideia vimaranense e o que o Benfica não fazia.

Foi preciso esperar até aos 21′ para que um guarda-redes fizesse uma defesa, neste caso com Jota Silva a surgir ao primeiro poste para desviar de cabeça para uma zona onde o guardião encarnado se encontrava, mas nem por isso a tentativa de ter qualidade na posse e na circulação a meio-campo tinha prolongamento depois daquilo que eram as ações ofensivas, entre um remate que podia ter levado perigo de Nelson da Luz que saiu desviado para canto (20′) e a primeira vez que os jogadores encarnados tocaram na bola na área dos visitados, com João Mário a cruzar mas a ficar curto para Gonçalo Ramos (24′). Aliás, numa das notas que ficam da primeira parte, o avançado não tocou na bola na área dos minhotos até ao intervalo.

Ainda houve uma possível boa oportunidade na única descoordenação da linha de três do V. Guimarães, com Rafa a chegar mais cedo à bola do que Bruno Varela mas a não conseguir depois encontrar espaço para o remate (40′). E houve um pontapé quase de frustração de Enzo Fernández, a ganhar uma segunda bola e a atirar muito ao lado da baliza de Bruno Varela (42′). Pouco, muito pouco mesmo para o Benfica, ainda para mais comparando com tudo aquilo que tinha conseguido fazer antes no Campeonato, a começar nas dinâmicas com bola no meio-campo para a frente e a passar também pela reação à perda que teve muito menos influência naquilo que a equipa consegue por norma realizar para se projetar na frente.

Mesmo sem mexer em qualquer elemento ao intervalo, o Benfica melhorou nos minutos que se seguiram ao descanso. Porque foi mais objetivo com bola do meio-campo para a frente, porque não deixou a equipa minhota fazer as mesmas transições, porque recuperou aquela tendência de ganhar bolas à saída do terço inicial contrário (ainda que nem Rafa nem Neres, dois dos pilares nesse aspeto, tenham conseguido qualquer ação defensiva). Com isso, e além de um livre direto batido por Grimaldo para defesa fácil de Bruno Varela (50′), houve cruzamentos, houve combinações em jogo curto perto da área, houve soluções para encontrar espaços mas sempre com o último passe a falhar e a meia distância a funcionar como única alternativa para tentar visar a baliza dos minhotos (Enzo voltou a tentar mas por cima).

O V. Guimarães conseguiu depois equilibrar o jogo e levou Schmidt a mexer com tripla substituição, dando hipótese a Aursnes, Draxler e Musa. Nada mudou, pelo contrário. E ainda foram os minhotos a ficarem a protestar dois lances de grande penalidade, primeiro por um contacto de Florentino Luís sobre André André e depois num lance de Safira com Vlachodimos que Rui Costa assinalou mas reverteu a decisão. No entanto, com os minhotos a continuarem a fechar da melhor forma o jogo interior dos encarnados, os minutos foram passando com o Benfica a fazer apenas um remate na área (desvio de cabeça após canto de António Silva ao lado, 84′) e a terminar com Brooks a ser lançado nos descontos na versão Coates para a frente de ataque. Nem assim o nulo foi desfeito e o Benfica perdeu mesmo os primeiros pontos.