A Plataforma P’la Reposição das SCUT nas autoestradas 23 e 25 disse, esta terça-feira, que há uma “ditadura” do Ministério das Finanças no processo da suspensão do pagamento das portagens e apela à intervenção do primeiro-ministro.

“Notamos que há vozes discordantes dentro do Governo sobre este processo e assistimos a uma ditadura do Ministério das Finanças neste e noutros processos. Há claramente uma ditadura do Ministério das Finanças e a única maneira de acabar com a ditadura terá que ser o democrata António Costa a pôr isto nos eixos. Não há outra alternativa”, afirmou à agência Lusa Luís Veiga, membro da organização.

A Plataforma foi recebida em reunião conjunta com a secretária de Estado do Desenvolvimento Regional e com o secretário de Estado das Infraestruturas, a fim de analisar as medidas concretas para dar cumprimento ao objetivo de suspensão e eliminação do pagamento de portagens no Interior (A23, A24 e A25).

A reunião decorreu na sequência dos pedidos formulados aos ministérios da Coesão Territorial, das Infraestruturas e das Finanças, sendo que falta apenas reunir com este último.

Luís Veiga salientou que após a reunião “não há conclusões certas se vai haver alguma menção em relação às portagens até ao dia 10”, data prevista para a entrega da proposta de Orçamento do Estado (OE) para 2023 na Assembleia da República.

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“No entanto, poderá haver ainda alterações, no âmbito da especialidade ou antes do fim do ano. Porque sensibilidade da parte destes dois ministérios existe. O que notámos é que há uma entropia clara do Ministério das Finanças neste processo”, frisou.

A Plataforma realçou que o entrave em todo o processo está no Ministério das Finanças, “que se recusa a aparecer nestas reuniões”.

“Não responde sequer aos nossos pedidos de reunião e, portanto, só há uma pessoa que pode alterar este ‘statuos quo’ que é o primeiro-ministro”, sustentam.

Luís Veiga adiantou que após o dia 10, data de apresentação do OE, e não havendo qualquer inscrição no OE sobre as portagens, a direção da Plataforma vai reunir o Conselho Geral para iniciar um conjunto de ações de indignação para, mais uma vez, “alertar o primeiro-ministro para a urgência na tomada de uma decisão sobre este tema”.

Este responsável admitiu que todas as hipóteses estão em cima da mesa. “Tudo depende daquilo que vier a ser feito no OE e no debate da especialidade. Se, no fim do debate da especialidade, que será no final de novembro, não vier a ser tomada nenhuma medida que mitigue este problema endureceremos claramente as medidas”, frisou.

Caso a situação se mantenha inalterada, Luís Veiga afirmou que as empresas irão abandonar a Beira Interior.

“Será a maior calamidade depois dos fogos deste verão. Haverá outra calamidade que é a insolvência de muitas empresas da nossa região”, concluiu.

A Plataforma P’la Reposição das SCUT (vias sem custo para o utilizador) na A23 e A25 continua a defender a “suspensão imediata do pagamento das portagens” no Interior do país.

A organização integra sete entidades dos distritos de Castelo Branco e da Guarda: a Associação Empresarial da Beira Baixa, a União de Sindicatos de Castelo Branco, a Comissão de Utentes Contra as Portagens na A23, o Movimento de Empresários pela Subsistência pelo Interior, a Associação Empresarial da Região da Guarda, a Comissão de Utentes da A25 e a União de Sindicatos da Guarda.

A A23, também identificada por Autoestrada da Beira Interior, liga Guarda a Torres Novas (A1). A A25, Autoestrada Beiras Litoral e Alta, assegura a ligação entre Aveiro e a fronteira de Vilar Formoso.