O bispo Armando Esteves Domingues, até agora auxiliar do Porto, foi nomeado esta sexta-feira pelo Papa Francisco como bispo da diocese de Angra, nos Açores, informou o portal Igreja Açores. O novo bispo de Angra saudou já os açorianos, manifestando o desejo de caminharem juntos, “sempre com um olhar de esperança”.

“Como não conheço a diocese, o primeiro desafio será conhecer-vos e dar-me a conhecer. Não se caminha com quem não se conhece”, escreveu o prelado, na mensagem à sua nova diocese, nos Açores, que considera já “a mais bonita de todas as dioceses do mundo, pela natureza de uma beleza ímpar, mas também pelas pessoas”, as quais sente como a sua “gente”.

Armando Esteves Domingues, de 65 anos, natural de Oleiros, no distrito de Castelo Branco, vai ocupar o lugar que estava vago desde setembro de 2021, quando o anterior titular da diocese de Angra, João Lavrador, foi nomeado bispo de Viana do Castelo.

Uma saudação a “todo o povo de Deus que caminha na diocese de Angra, sejam os padres, religiosos, outros consagrados ou leigos, as paróquias e demais comunidades eclesiais”, bem como aos anteriores bispos de Angra, em especial ao seu antecessor, João Evangelista Pimentel Lavrador, e ao administrador diocesano, Hélder Fonseca Mendes, foi também deixada na mensagem dirigida pelo novo bispo aos fiéis das nove ilhas do arquipélago.

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“Quero deixar uma saudação respeitosa às autoridades regionais e autárquicas, instituições civis, militares e académicas. Saúdo todo o tecido associativo, cultural, desportivo ou religioso, as Confrarias e organismos laicais. Gostaria, finalmente, que a minha saudação chegasse a todas as famílias, os doentes, crianças, jovens e sobretudo os mais frágeis”, acrescentou o prelado na mensagem.

Assegurando que tudo fará para ter no “coração cada mulher ou homem” do arquipélago, “independentemente da crença religiosa, da forma de expressar a fé, da concordância ou não” consigo, Armando Esteves Domingues sublinhou que vive “esta nomeação para servir o povo dos Açores em forma de agradecimento, em primeiro lugar a Deus por todas as provas do Seu amor em todas as etapas” da sua vida, mas também ao Papa e ao Núncio Apostólico pela confiança demonstrada.

O texto contém, também, “um especial agradecimento” ao bispo do Porto, Manuel Linda, com quem o novo bispo de Angra trabalhou “durante estes últimos quatro anos na diocese do Porto num clima de muito respeito, grande ajuda e amizade que perdurará e continuará a dar frutos”. “Ajudou-me a aprender a ser bispo”, frisa o bispo nomeado na sexta-feira para Angra.

O novo bispo escreveu ainda não ter “um plano preconcebido nem soluções mágicas”, mas assegurou que procurará inserir-se “no caminho que a diocese está a fazer, tanto no percurso sinodal da diocese em comunhão com toda a Igreja, como na corrida, em passo apressado e próprio dos jovens, para a próxima JMJ Lisboa 2023”.

Armando Esteves Domingues disse ainda não conseguir “evitar um certo “aperto”” por se afastar “de pessoas concretas, fantásticas, dedicadas à missão” na diocese do Porto, onde foi auxiliar nos últimos anos.

“Encontrei um presbitério com características e potencialidade únicas, padres que sabem e sentem a unidade com o seu bispo, por ela rezam e se empenham, mesmo que custe. Padres que servem com elevado espírito de missão. Encontrei pessoas com um grande amor à Igreja e generosidade no apostolado, leigos formados e muito capazes nos diversos campos da pastoral”, escreveu o prelado numa mensagem dirigida à diocese do Porto.

Armando Esteves Domingues, que deve entrar na sua nova diocese em janeiro de 2023, assegurou que parte “animado e com renovada esperança no presente e no futuro”.

“Deus ainda quer fazer grandes coisas connosco e não obstante nós. Como sempre, não escolhi nem nunca escolheria diocese. Por isso, parto livre, disponível e encantado com o que me esperará”, acrescentou o novo bispo de Angra.

Os elogios de Manuel Linda

Por seu turno, o bispo do Porto, Manuel Linda, sublinhou, numa mensagem publicada no site da diocese, que Armando Esteves Domingues “trabalhou zelosa e dedicadamente nesta diocese do Porto, a ponto de suscitar em todos a máxima consideração e estima”.

“Para nós, este é um momento de forte perda. Não obstante, também nos sentimos felizes porque reconhecemos ao senhor D. Armando aptidão para governar essa simpática Diocese e sabemos bem das suas capacidades de diálogo, escuta, competência pastoral e zelo apostólico”, escreveu o bispo do Porto, sublinhando o “traço sinodal que [o novo bispo de Angra] deixou no Porto, a vontade de intentar novas formas de organização paroquial, mormente por intermédio das “unidades pastorais”, o incentivo a uma pastoral de unidade e conjunto, o relevo concedido ao ecumenismo e a valorização do papel da mulher e dos jovens”

Um “bispo novo para tempos novos” é como Manuel Linda classifica Armando Esteves Domingues.

Armando Esteves Domingues foi ordenado padre em 3 de janeiro de 1982 e bispo em 16 de dezembro de 2018. Na nota publicada pelo Vaticano, é referido que o novo bispo de Angra ocupou, desde a sua ordenação, os cargos de “pároco em várias paróquias, capelão militar, professor de Educação Moral e Religiosa Católica, ecónomo diocesano, assistente regional dos Escuteiros Católicos e vigário geral”.

“No seio da Conferência Episcopal Portuguesa, é presidente da Comissão Missão e Nova Evangelização, bem como membro da Comissão Laicado e Família”, adianta a nota.

“Entre o seu percurso pastoral sobressai, ainda, o seu empenho na área sócio-caritativa, com a dinamização ao longo dos anos de várias iniciativas ligadas à inclusão social, ao combate ao desemprego, à recuperação de dependências e à habitação”, lê-se no portal da igreja açoriana.