O presidente do PSD, Luís Montenegro, disse esta quinta-feira que não se intimida com “pequena intriga” a propósito do projeto de revisão constitucional do partido, recusando qualquer questão com o grupo parlamentar social-democrata.

O líder social-democrata reagia assim à notícia avançada pelo Observador (e por outros órgãos de comunicação social) de que há um grupo de deputados sociais-democratas irritados com a forma como a direção nacional do PSD está a coordenar o processo de revisão constitucional.

Na quinta-feira, os deputados foram convocados para discutirem o projeto que vai ser apresentado pelo partido. Segundo conseguiu apurar o Observador junto de fontes presentes na reunião do grupo parlamentar, António Leitão Amaro, vice-presidente do PSD, limitou-se a apresentar linhas gerais do documento que vai ser apresentado.

“Não houve nada para discutir. Não deu sequer para discutir. Querem guardar mesmo segredo“, lamentou um dos deputados presentes, acusando a direção social-democrata de não ter apresentado “rigorosamente nada de concreto” de forma deliberada.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em Viana do Castelo, no final de uma reunião com a administração dos estaleiros da West Sea, Montenegro desvalorizava as críticas. “Ninguém me intimida com esse tipo de pequena intriga. Eu não alimento a minha direção de condução política com base em intrigalhadas”, afirmou.

O líder do PSD disse que as “intrigas” têm origem em notícias “sempre espicaçada por fontes anónimas” que desconhece. “Eu convivo muito bem com isso. Ninguém me intimida com esse tipo de pequena intriga. Eu não alimento a minha direção de condução política com base em intrigalhadas. Estou concentrado em servir o país, o meu partido e em prosseguir o trabalho de afirmação do PSD”, afirmou, garantindo que “não há nenhuma questão com o grupo parlamentar do PSD”.

Montenegro assegurou que o PSD que “tem no seu grupo parlamentar um dos seus maiores ativos de combate político, de trabalho político”, contando com o contributo de “todos os deputados”.

“Não se sabe tudo porque não se fechou, ainda, o processo. Nós estamos a ouvir e estamos a valorizar as audições que estamos a fazer”, frisou, acrescentando que tem sido “um processo muito participado” por parte dos “vários intervenientes da direção política do partido, dos deputados, com muita tranquilidade, com espírito democrático típico de um grande partido, plural como é o PSD”.

O líder social-democrata manifestou-se satisfeito por ver que depois do PSD ter “mostrado a sua atividade, outros partidos, nomeadamente, o PS vir “no seu encalce das prioridades” e “também apresentar um projeto de revisão constitucional”.

“Nós não somos um partido imobilista, não somos um partido como é PS que chega sempre tarde e a más horas às transformações que o país precisa (…) Fico contente que o PS venha a este debate, como veio noutras ocasiões em processo de revisão constitucional. Era bom que não demorasse tanto tempo, que fosse menos relapso, que fosse mais proativo, mas é o que é e, não vou estar a queixar-me disso”, atirou.

Montenegro reafirmou que o PSD “está disponível para poder conjugar esforços com o PS para criar medidas que, no texto constitucional, sejam indutoras de maior capacidade de o país criar riqueza, sustentabilidade e se projetar como sociedade próspera nas próximas décadas”.

“Aliás, princípio com o qual me identifico para outras medidas que sejam estruturantes e estratégicas para o país”, observou.

Montenegro considerou estarem criadas “condições para haver um entendimento que, em algumas matérias, possa consumar-se com o apoio de mais de dois terços dos deputados”, necessário à concretização da revisão constitucional.

A “preocupação intergeracional, regras mais aprimoradas de funcionamento do sistema político e o aprofundamento das autonomias regionais” são, segundo Montenegro alguns dos princípios fundamentais do projeto do PSD que serão conhecidas ainda durante o dia de hoje e, na sexta-feira, quando o documento for apresentado.

Deputados do PSD acusam direção de os deixar às escuras na revisão da Constituição