O Tribunal Internacional de Justiça confirmou que o avião da Malaysia Airlines — que em 2014 caiu na Ucrânia, resultando na morte de todos os 298 passageiros — foi abatido por um míssil de fabrico russo, disparado a partir de um campo agrícola no leste da Ucrânia. E condenou três — dois russos e um ucraniano separatista — dos quatro homens que enfrentavam julgamento. A Rússia diz que vai “examinar”.

Os procuradores pediam uma pena de prisão e mandados de captura para os quatro suspeitos (além dos condenados, mais um cidadão russo, que foi absolvido), que estão em liberdade. Os quatro suspeitos recusaram estar presentes em tribunal durante a leitura do veredito.

A Rússia, através do ministério dos Negócios Estrangeiros, já garantiu “examinar” o veredito do também conhecido como o Tribunal de Haia, por ter sede nesta cidade holandesa. Esta quinta-feira, o porta-voz do ministério Ivan Nechaev disse aos jornalistas que a Rússia vai “estudar” a decisão “porque nestas problemáticas, todas as nuances importam”. “Depois de estudar o documento legal, estaremos provavelmente preparados para fazer um comentário”, afirmou, citado pela Reuters.

O avião fazia a ligação entre Amesterdão e Kuala Lumpur a 17 de julho de 2014 e caiu quando sobrevoava uma região separatista na Ucrânia. Uma investigação internacional já tinha concluído que fora abatido por um míssil fornecido por Moscovo, disparado de uma localidade que, na altura, era controlada por rebeldes pró-russos. Mas a Rússia tem recusado o seu envolvimento no assunto.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em 2016, uma investigação holandesa já tinha encontrado sinais de que o sistema 9K37 Buk, um sistema de defesa antiaéreo com mísseis terra-ar inventado pela União Soviética para intercetar aeronaves, tinha sido usado por alturas da queda do voo. O sistema, de acordo com a investigação, saiu da Rússia e atravessou a fronteira com a Ucrânia, tendo sido depois instalado no leste do país. Após a queda, regressou à Rússia.

Há mais provas de que o voo MH17 foi abatido por sistema de mísseis russos

Três dos quatro homens que enfrentavam julgamento pela queda do avião da Malaysia Airlines, em 2014, na Ucrânia, foram considerados culpados pelo tribunal de Haia pela morte das 298 pessoas. Um quarto homem foi ilibado, de acordo com a BBC.

Segundo o tribunal holandês, o míssil usado foi fabricado na Rússia e usado pelos três homens para, deliberadamente, abater um avião que fazia a ligação entre Amesterdão e Kuala Lumpur. Os três homens, porém, teriam como intenção disparar contra um avião militar e não comercial.

Foram considerados culpados: Igor Girkin, o líder militar da autoproclamada República Popular de Donetsk por ter lançado o míssil; Sergei Dubinsky, por ter ordenado e supervisionado o transporte do sistema de defesa antiaéreo Buk; e Leonid Kharchenko, por ter supervisionado e guardado o Buk.

A União Europeia e os Estados Unidos saúdaram o veredito do tribunal de Haia. O alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, disse que a decisão judicial é “um primeiro passo importante no caminho da verdade e da responsabilidade”, oito anos depois da tragédia. Já o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, descreveu a decisão como um “momento importante nos esforços contínuos para fazer justiça às 298 pessoas que perderam a vida”.

A Rússia negou sempre qualquer responsabilidade no caso e resistiu entregar os suspeitos do crime. Fontes próximas do Governo russo adiantaram à agência Interfax que está excluída a hipótese dos dois russos condenados serem extraditados para os Países Baixos.