O Presidente francês, Emmanuel Macron, e a vice-presidente norte-americana, Kamala Harris, selaram esta quarta-feira, na sede da agência espacial norte-americana (NASA), uma nova era de cooperação com a qual procuram enfrentar a crescente militarização do espaço.

Macron, que chegou a Washington terça-feira à noite para uma visita de Estado, lamentou que o espaço se tenha tornado num “novo cenário de conflitos” com nações a desenvolver tecnologias capazes de lançar ataques contra satélites, colocando em risco as comunicações globais.

“Construir juntos novas regras para o espaço é algo que é muito importante“, disse o Presidente francês, em declarações à imprensa no início do evento.

Kamala Harris sublinhou, por sua vez, a necessidade de haver um “uso pacífico” do espaço, defendendo que esta área seja regida pelo mesmo respeito pelas regras que regulam as relações entre as nações na Terra.

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Harris afirmou também que a sua visita a Paris, no ano passado, serviu para abrir uma era de cooperação espacial entre as duas nações e argumentou que o ato de hoje na sede da NASA serve para “selar” essa nova etapa.

Além disso, congratulou-se por a França ter decidido assinar em junho deste ano os Acordos Artemisa, um tratado internacional desenvolvido pela NASA.

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O objetivo deste tratado é estabelecer um quadro de cooperação para a exploração civil e uso pacífico da Lua, Marte e qualquer cometa ou asteroide no sistema solar.

“O espaço continua a ser um local de oportunidades por descobrir. Há um grande potencial para o trabalho que as nações do mundo podem fazer lá e, em particular, quando trabalhamos juntos em conformidade com os princípios e valores comuns”, salientou a vice-presidente dos Estados Unidos da América (EUA).

Falando da possibilidade de um conflito no espaço, nem Macron nem Harris mencionaram nenhum país em particular, embora Washington e Paris tenham acusado no passado a China e a Rússia de terem usado o espaço para fins militares, nomeadamente com satélites para fins de espionagem.

Além de se encontrar com Harris, Macron deverá reunir-se ainda esta quarta-feira com membros do Congresso norte-americano, participar num evento com empresas do setor nuclear e visitar o túmulo do soldado desconhecido no Cemitério Nacional de Arlington.

O chefe de Estado francês terá ainda um jantar privado com o Presidente dos EUA, Joe Biden.

Na quinta-feira, o destaque da agenda será uma reunião bilateral, que também será marcada por tensões em torno do plano económico de Biden para combater a inflação e as alterações climáticas, que a França rejeita e considera uma medida protecionista.

Outros tópicos importantes na reunião serão a guerra na Ucrânia, as tensões com a China e o programa nuclear do Irão.

Para o mesmo dia está previsto um jantar de Estado na Casa Branca.