A NASA lançou esta quinta-feira para o espaço um escudo térmico insuflável que pode resolver um problema que limita a exploração espacial: enviar cargas pesadas ou de grandes dimensões para corpos celestes como Vénus, Marte ou a lua saturniana de Titã. Partiu para a baixa órbita terrestre às 9h45, hora de Portugal Continental, a bordo de um foguetão Atlas V.

A missão LOFTID será uma demonstração tecnológica. Quando chegar à órbita programada, abaixo dos 2.000 quilómetros de altitude, o escudo térmico vai insuflar-se e descer em direção à Terra. É assim que os engenheiros da NASA vão testar o funcionamento deste escudo e confirmar se ele sobrevive às altas temperaturas causadas pela fricção com a atmosfera terrestre.

Atualmente, a NASA só utiliza escudos térmicos rígidos para atenuar a aterragem da carga que é enviada para outros corpos celestes ou que retorna ao planeta Terra. Mas as dimensões dos escudos estão limitadas ao diâmetro do foguetão, tornando mais difíceis as missões espaciais com cargas mais pesadas. A ideia da agência norte-americana é criar um escudo que possa viajar dobrado para o espaço e adquirir o tamanho necessário para entrar num corpo celeste.

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O escudo lançado esta manhã tem seis metros de comprimento, mas a tecnologia pode ser adaptada para alcançar os 12 metros, o que já permitiria recuperar para a Terra os chamados veículos de lançamento, isto é, foguetes espaciais que enviam carga útil para o espaço. Se a reentrada na atmosfera funcionar, os veículos de lançamentos recuperados podem ser reutilizados noutras missões, diminuindo os custos avultados da exploração espacial.

Mas a utilidade pode ir ainda mais longe e contribuir para a primeira viagem tripulada a Marte. É que a atmosfera marciana é menos densa que a da Terra: embora tenha espessura suficiente para criar atrito no escudo e desacelerar a entrada no planeta, não o faria tão depressa como aconteceria com a atmosfera terrestre. No limite, a carga enviada para Marte — incluindo os astronautas, os instrumentos para a sua sobrevivência e os materiais para a investigação científica — podia chegar à superfície a uma velocidade demasiado elevada para não se danificar.

Segundo a NASA, uma estrutura insuflável protegida com um escudo térmico “atua como um travão gigante enquanto atravessa a atmosfera marciana” porque “cria mais atrito que um escudo tradicional, mais pequeno e rígido”: “Ele começa a desacelerar nas partes superiores da atmosfera, permitindo que a aeronave desacelere mais cedo, em altitudes mais altas, enquanto experimenta um aquecimento menos intenso”, explica a agência espacial norte-americana.