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Em apenas 24 horas, três ataques com drones a bases aéreas russas. Apesar das acusações de Moscovo, que atribui a responsabilidade dos ataques à Ucrânia, a origem dos drones ainda não foi confirmada oficialmente. Mas, a confirmar-se que os drones partiram de território ucraniano, este poderá ser um sinal de fraqueza para a Rússia.

Esta tese foi, aliás, explicada esta terça-feira pelo ministério da Defesa britânico, que diariamente faz um ponto da situação estratégica da guerra na Ucrânia. E a explicação foi dada ainda antes do terceiro ataque, que aconteceu esta terça-feira de manhã em Kursk, cidade russa localizada a cerca de 90 quilómetros da fronteira com a Ucrânia. “Se a Rússia concluir que estes incidentes foram ataques deliberados, vai, provavelmente, vê-los como um dos falhanços estratégicos mais significativos na proteção das suas forças desde o início da invasão da Ucrânia”, escreveu o ministério da Defesa britânico.

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E o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês) fez uma análise semelhante, indicando que “provavelmente, as forças ucranianas realizaram ataques em bases aéreas estratégicas russas, provocando pequenos danos, enquanto demonstravam a capacidade da Ucrânia para atacar áreas russas e, possivelmente, interromper a onda de ataques da Rússia contra a infraestrutura ucraniana”. O primeiro ataque foi feito na região de Ryazan, a menos de 150 quilómetros da capital russa, e o segundo aconteceu na base Engels-2, a sul de Ryazan. Estas duas bases têm sido, ao longo dos últimos nove meses de guerra, pontos estratégicos de bombardeamentos russos lançados para território ucraniano.

Drone attacks oil tank at Russian airbase in the Kursk region

Mapa que mostra a localização dos ataques feitos em território russo

Drones soviéticos lançados a partir de território russo?

Os especialistas do ISW vão mais longe e sugerem que os drones podem ter sido lançados a partir do território russo. Tendo como base as informações avançadas pelos milbloggers (militares que escrevem em blogs), o ISW indica que estes analistas russos “observaram que as autoridades militares russas não protegeram adequadamente as bases aéreas e alguns sugeriram que as autoridades russas não defenderam adequadamente as bases, apesar de saberem que eram claros alvos para ataques ucranianos”.

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“Vários milbloggers russos alegaram que grupos de sabotagem e reconhecimento ucranianos devem ter lançado o ataque contra a base aérea de Engels-2 de dentro do território russo, afirmando que os grupos de sabotagem e reconhecimento ucranianos estão ativos dentro da Rússia”, acrescentou o ISW no seu relatório diário.

Sobre a hipótese de os drones terem sido lançados a partir de território russo, ainda que a Ucrânia não tenha reivindicado os ataques oficialmente, Mykhailo Podolyak, conselheiro de Zelensky, escreveu no Twitter que “a astronomia não foi estudada no Kremlin”. “Se fosse, saberiam que quando algo é lançado para o espaço aéreo de outro país, mais cedo ou mais tarde os objetos voadores desconhecidos regressam ao ponto de partida“.

Há ainda outra questão: a Rússia anunciou que os drones utilizados nos ataques são de fabrico soviético, indicando que a Ucrânia usou materiais da era soviética para fazer os drones. De facto, os países que avançaram com sanções à Rússia e que têm apoiado a Ucrânia, têm resistido ao envio deste tipo de armamento para território ucraniano, precisamente para evitar que o conflito escale e ganhe as proporções sugeridas por estes três ataques dos últimos dias.

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Depois dos primeiros dois ataques, e já sob acusações do lado de Moscovo, um oficial ucraniano disse ao New York Times que os ataques foram feitos pela Ucrânia. Sob anonimato, este oficial explicou que os ataques foram feitos com a ajuda dos grupos das forças especiais que a Ucrânia tem no território russo.

Voltando aos países que têm estado ao lado da Ucrânia, apesar das sanções contra a Rússia que foram avançadas ao longo dos últimos meses, estes têm repetido a vontade de resolver esta guerra pela via do diálogo, sem que a Ucrânia ataque território russo, já que esse cenário levaria a guerra a outro patamar que o Ocidente não pretende — o que poderá explicar o silêncio de Kiev sobre este assunto.

Há ainda outro apontamento importante: estes ataques com drones coincidem com o dia em que a Rússia intensificou os ataques em território ucraniano, deixando Kiev sem eletricidade.