Joaquim Pinto Moreira, ex-presidente de Câmara de Espinho e atual vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD, diz que o contexto da investigação que levou à detenção de Adelino Miguel Reis (PS), seu sucessor à frente da autarquia “se reporta ao ano de 2022 e respeita a intenções de investimento não concretizadas e a operações urbanísticas tramitadas no atual mandato autárquico”.

Detido presidente da Câmara de Espinho (PS) por suspeitas de corrupção

Já o PS aponta o dedo a Joaquim Pinto Moreira, diz que os factos sob suspeita remontam ao seu mandato de 2018 e explica a prisão de Adelino Miguel Reis apenas por “ser o detentor da pasta do Urbanismo, pelo que é responsabilizado por operações dessa natureza que transitem do mandato anterior para o atual”.

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Apesar de admitir igualmente que “algumas” dessas operações urbanísticas possam “ter transitado de mandatos anteriores”, Pinto Moreira não deixa de responsabilidade o atual executivo socialista que governa Espinho desde as autárquicas de 2021.

O deputado do PSD foi alvo de buscas domiciliárias, tal como o Observador apurou e Pinto Moreira confirma em comunicado, sendo igualmente visado na investigação da Polícia Judiciária do Porto e do DIAP Regional do Porto.

Recorde-se a Polícia Judiciária (PJ) do Porto deteve Adelino Miguel Reis, presidente da Câmara de Espinho (PS), por suspeitas de corrupção e de outros crimes económico-financeiros. Ao que o Observador apurou, a investigação da PJ está relacionada com irregularidades no licenciamento de obras de construção civil (habitação e hóteis) e foram detidas mais quatro pessoas ligadas à autarquia de Espinho.

Estão em causa, segundo comunicado da PJ, “interesses urbanísticos de dezenas de milhões de euros, tramitados em benefício de determinados operadores económicos.” O caso envolve ainda Joaquim Pinto Moreira, atual vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD e presidente da Câmara de Espinho entre 2009 e 2021.

PS aponta o dedo ao PSD e explica detenção do presidente

O chefe de gabinete do atual presidente Adelino Miguel Reis (PS), Nuno Cardoso, afirmou à Agência Lusa que as “buscas ainda estão a decorrer e o nosso acesso à informação é muito limitado, mas o que podemos dizer é que a investigação incide essencialmente sobre operações urbanísticas realizadas no mandado anterior”.

Ou seja, Nuno Cardoso diz que o foco da investigação será o mandato de Joaquim Pinto Moreira — o que motivou um desmentido cabal em comunicado do ex-presidente e atual deputado do PSD.

“Repúdio de forma veemente as declarações do Chefe de Gabinete do Presidente da Câmara Municipal de Espinho, que irresponsável e inapropriadamente quis desviar o foco de uma investigação que não me tem, certamente, no seu epicentro”, lê-se no comunicado de Pinto Moreira.

“Repúdio igualmente tentativas soezes de contaminação informativa com matérias absolutamente ausentes de qualquer investigação”, afirma o atual deputado do PSD.

Nuno Cardoso explicou ainda à Agência Lusa que o facto de Adelino Miguel Reis ter sido detido prende-se com o facto “de o atual presidente ser o detentor da pasta do Urbanismo, pelo que é responsabilizado por operações dessa natureza que transitem do mandato anterior para o atual”.

Já vice-presidente da distrital socialista de Aveiro confessou que “fomos apanhados de surpresa com a  detenção do Miguel Reis”, disse Hugo Oliveira.

Lei aqui o comunicado da íntegra de Joaquim Pinto Moreira:

No âmbito das diligências levadas a cabo hoje pela Polícia Judiciária, no âmbito da operação “Vortex”, e face à desinformação tendenciosa que foi veiculada, cumpre-me tornar públicos os seguintes esclarecimentos:
1. O meu domicílio foi hoje objeto de buscas tendo sido apreendido o meu computador profissional, que uso no exercício da minha profissão de advogado, e o meu telefone;
2. Nada mais foi apreendido, seja documento ou qualquer outro elemento.
3. Não dispondo dessa informação, mas presumindo que o inquérito se encontra em segredo de justiça, posso adiantar que o contexto investigatório se reporta ao ano de 2022 e respeita a intenções de investimento não concretizadas e a operações urbanísticas tramitadas no atual
mandato autárquico, ainda que algumas possam ter transitado de mandatos anteriores.
4. Repúdio de forma veemente as declarações do Chefe de Gabinete do Presidente da Câmara Municipal de Espinho, que irresponsável e inapropriadamente quis desviar o foco de uma investigação que não me tem,certamente, no seu epicentro.
5. Repúdio igualmente tentativas soezes de contaminação informativa com matérias absolutamente ausentes de qualquer investigação.
6. Reafirmo a minha total disponibilidade para colaborar com a descoberta da verdade e com as autoridades judiciárias nos termos e decisões por estas tomadas.
7. Se vier a ser solicitado o levantamento da minha imunidade parlamentar, estarei totalmente disponível para, seja em que qualidade for, colaborar totalmente com a justiça.