Foram declarações que parecem terminar com o delicado equilíbrio diplomático que a Sérvia mantinha na guerra da Ucrânia. O Presidente do país, Aleksandar Vučić, sublinhou, esta quarta-feira, numa entrevista à Bloomberg, que sempre foi contra a invasão desencadeada pela Rússia no território ucraniano.

“Desde o início, [a Sérvia] disse que não era capaz e não podia apoiar a invasão da Rússia contra a Europa”, esclareceu o chefe de Estado do país balcânico, referindo que, na perspetiva de Belgrado, o Donbass e a Crimeia (duas regiões que Moscovo interpreta como suas) “pertencem à Ucrânia” — e esta atitude “deverá permanecer assim”.

As declarações estão a ser interpretadas por vários analistas como um distanciamento da Sérvia, um dos poucos aliados na Europa e que mantém uma aliança histórica com Moscovo, relativamente à Rússia. Para mais, este afastamento ficou ainda claro no decorrer da entrevista, já que Aleksandar Vučić reforçou que não fala com o homólogo russo “há vários meses”.

Sobre o futuro da guerra, o Presidente da Sérvia antecipa que o “pior ainda está para vir”. Já esta terça-feira, Aleksandar Vučić deu outra entrevista, criticando as atitudes da “amiga” Rússia. “Por que fazem isto com a Sérvia? Por que convocam o povo sérvio para o Wagner se sabem que isso é contrário aos nossos regulamentos?” 

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Vucic criticou tentativa da “amiga” Rússia recrutar mercenários na Sérvia. Grupo Wagner fala em “rumores infundados”

De recordar que a Sérvia condenou a invasão da Rússia à Ucrânia no decorrer das votações da Assembleia-Geral das Nações Unidas. No entanto, contrariamente a vários países do Ocidente, Belgrado tem-se oposto à aplicação de sanções contra Moscovo.