O primeiro-ministro diz “manter confiança em todos os membros do Governo em funções”, quando questionado sobre o caso que envolve o seu ministro dos Negócios Estrangeiros e a obra no Hospital Militar de Belém durante o mandato de Gomes Cravinho na Defesa.

O ministro em causa vai estar esta tarde no Parlamento, para uma audição na comissão de Negócios Estrangeiros mas onde vai ser questionado sobre o caso que o envolve. E o primeiro-ministro diz ter “tomado nota” de que Cravinho prestará “todos os esclarecimentos”: “O que não acharia normal é que o ministro mentisse sobre o que sabe ou não sabe. Se disse a verdade, isso é de louvar“.

Nas longas declarações — esteve meia hora a responder às perguntas dos jornalistas à margem de um evento do Governo em Carnaxide –, António Costa ainda falou dos casos que têm surgido neste primeiro ano de maioria absoluta e disse que “se era necessária estabilidade há um ano, hoje mais do que nunca é necessária estabilidade”.

Costa afasta refazer Governo. “Durará até outubro de 2026”

Questionado sobre a necessidade de um novo Governo, tendo em conta o desgaste dos últimos meses, Costa afirmou que não vê “necessidade de um novo Governo”. E que tem sido “criticado por se ultraconservador na manutenção de membros do Governo e fazer poucas remodelações”, mas que se “orgulha” em ter “novos máximos” de longevidade no exercício de funções por parte de “vários ministros” durante os seus primeiros governos.

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Voltou a lamentar sucessão de casos, tal como já tinha feito no Parlamento, mas referiu que, tirando as saídas por motivos de saúde, houve “dois por motivos políticos graves”, a então ministra da Saúde, Marta Temido, e o ex-ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, e que os restantes “problemas mais recentes” têm sido por “situações da sua vida anterior ou de familiares seus” e “não por qualquer atividade enquanto membros do Governo”.

Sobre tudo isto, Costa lamenta “sinal de menor foco e concentração do Governo”, mas garante que “é uma fase que está ultrapassada”. “Este governo durará até outubro de 2026. Não posso garantir que não haja saídas por motivos de doença ou de problemas políticos, isso acontece. O que posso dizer é que a estabilidade é um valor importante — não é um valor em si — permite assegurar continuidade e que não se perde tempo”, afirmou.

Um ano depois da conquista da maioria absoluta e perante um ano de forte instabilidade no seu Governo, Costa continua a acreditar que a mensagem que os portugueses deram “é que querem estabilidade e que o Governo se concentre nas suas funções e na recuperação do país”.

“O que é necessário não são novas crises políticas”, disse ainda o primeiro-ministro, admitindo que as “pessoas podem não estar sorridentes, eufóricas, felizes e contentes”, mas devido ao “quadro exigente como o que se está a viver”. E que, neste contexto de pós pandemia e guerra na Europa, com elevada inflação, é necessário “o Governo manter a serenidade e não se distrair”.