A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) anunciou esta quarta-feira que já foi convidada pelo Governo para as reuniões de preparação da época de incêndios deste ano, e afirmou que irá marcar presença “a bem do diálogo”.

Na semana passada, a LBP tinha denunciado uma “tentativa de divisão dos bombeiros por parte da Secretaria de Estado da Administração Interna”, acusando o Governo de não ter convidado as entidades representativas dos vários setores para as reuniões preparatórias da época de incêndios de 2023.

Em declarações à agência Lusa na sede nacional do PCP, após uma reunião com uma delegação daquele partido, o presidente da LBP, António Nunes, assegurou que essa situação já “foi resolvida”.

“Fomos convidados pelo senhor ministro [da Administração Interna, José Luís Carneiro] para estarmos presentes em todas as reuniões. Vamos estar presentes”, anunciou António Nunes.

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Segundo o presidente da LBP, essas reuniões vão decorrer “praticamente todos os dias no próximo mês e em vários pontos do país, e a Liga dos Bombeiros Portugueses delegou nas federações de bombeiros a sua representação nessas reuniões”.

“Digamos que estamos a robustecer a nossa representatividade dizendo às federações, ‘façam o favor de representar a Liga e depois transmitam à Liga aquilo que foram as conclusões de cada uma das reuniões'”, sublinhou.

Apesar disso, António Nunes manteve que a Liga não concorda com a “metodologia de marcação dessas reuniões”, por entender que, “havendo entidades representativas dos vários setores”, deveriam ser essas entidades a ser ouvidas em primeiro.

Naturalmente que reconhecemos que o Governo, o senhor ministro da Administração Interna, a senhora secretária de Estado da Proteção Civil, pode falar com todas e com todos: com os bombeiros, com as associações, com os comandantes. Não é isso que está em causa. A metodologia de organização dessas reuniões é que nós colocamos em causa”, reiterou.

António Nunes reforçou, contudo, que “está sanado o problema” e que a LBP vai estar presente nas reuniões “a bem do diálogo” e porque “fará sempre parte da solução e nunca fará parte do problema”.

“Nós o que queremos é que o sistema funcione. Se, porventura, houver alguns tropeções no meio do sistema, aqui estamos nós, como bombeiros, para dar o salto em frente, esquecer o passado e construir o futuro. Aquilo que nós queremos é que presente seja bom e o futuro ainda melhor”, frisou.

Na semana passada, a LBP manifestou-se “profundamente preocupada” com o que considerou ser uma “tentativa de divisão dos bombeiros pela Secretaria de Estado da Administração Interna”.

Em causa, segundo um comunicado divulgado na altura, estava o facto de a tutela ter marcado reuniões através da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) com Associações Humanitárias de Bombeiros, sediadas em cada Comunidade Intermunicipal, “sem que as entidades representativas do setor fossem ouvidas ou convidadas para o efeito”.

Esta posição da Liga dos Bombeiros Portugueses surgiu após uma notícia da Lusa publicada em 15 de janeiro, segundo a qual o Ministério da Administração Interna vai iniciar este mês reuniões presenciais com todos os presidentes de direção e comandantes das corporações de bombeiros voluntários sobre o financiamento previsto nos fundos europeus para a área da proteção civil.

Numa carta enviada aos presidentes das associações humanitárias dos bombeiros, era ainda referido que a secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar, vai iniciar, “ainda este mês, um ciclo de reuniões presenciais com todos” os presidentes das associações humanitárias de bombeiros voluntários e respetivos comandantes, tendo em conta “os inúmeros e complexos desafios que o sistema de proteção civil em Portugal enfrenta, com a necessária expressão” nos bombeiros.