O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) realizou esta semana uma intervenção valvular mitral pioneira em Portugal num doente de 67 anos, com insuficiência cardíaca grave associada a regurgitação mitral severa, foi anunciado esta quinta-feira.

Em comunicado, a unidade hospitalar salientou que o doente, alvo de vários internamentos nos últimos dois anos, encontrava-se internado por descompensação cardíaca e foi proposto para uma intervenção valvular percutânea, através de cateterismo e colocação de duas próteses valvulares, “com o novo sistema Pascal Precision da Edwards Lifesciences”.

“A intervenção decorreu sem incidentes e o doente teve alta dois dias depois, melhorado clinicamente e com uma perspetiva de menor número de internamentos no futuro e seguramente melhor qualidade de vida”, refere a nota.

O sistema Pascal Precision da Edwards Lifesciences “apresenta vantagens evidentes em relação ao anterior, graças ao revestimento hidrofílico, novo sistema de controlo da prótese e mais um fixador que permite uma maior estabilidade e previsibilidade de movimentos, com menor necessidade de compensações e, consequentemente, melhores resultados”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Lino Gonçalves, diretor do Serviço de Cardiologia, realça “os bons resultados desta técnica de reparação mitral, com uma taxa de sucesso superior a 95%, sendo o CHUC o maior centro nacional, com 38 doentes tratados em 2022″.

Segundo o coordenador da Unidade de Intervenção Cardiovascular do Serviço de Cardiologia “esta é, de facto, uma alternativa terapêutica para os doentes não candidatos a cirurgia cardíaca após discussão em ‘Heart Team’, isto é, um grupo constituído por especialistas altamente diferenciados de cardiologia de intervenção, cirurgia cardíaca, imagem cardíaca avançada e cardiologia clínica”.

Segundo Marco Costa, esta nova técnica tem um impacto grande na redução da mortalidade e morbilidade dos doentes com insuficiência cardíaca, conforme os estudos clínicos o demonstram.

O especialista salienta que se trata de “uma técnica muito complexa, que obriga a uma rigorosa seleção dos casos para manter a elevada taxa de sucesso, bem como a um trabalho de equipa coeso, com a ajuda inestimável de especialista na área de imagem (ecocardiografia transesofágica 3D)”.

A intervenção foi realizada por uma equipa constituída pelos médicos cardiologistas Marco Costa, Luis Paiva, Manuel Santos, Ana Botelho e Luis Puga (imagem cardíaca) e Joaquim Viana, anestesiologista.