Três meses, um Campeonato do Mundo e uma janela de transferências depois, a Liga dos Campeões está de volta. Os oitavos de final da principal competição europeia arrancaram esta terça-feira e desde logo com uma eliminatória que irá deixar de fora um potencial candidato à conquista do troféu: PSG ou Bayern Munique.

No Parque dos Príncipes, na primeira mão, cruzavam-se dois gigantes que até estão em posições curiosamente semelhantes a nível interno. Em França, o PSG acabou de ser eliminado da Taça pelo Marselha e perdeu com Mónaco no fim de semana, tendo uns preclitantes cinco pontos de vantagem na liderança da Ligue 1; na Alemanha, o Bayern Munique somou três empates consecutivos em janeiro, no regresso da Bundesliga depois do Mundial, e tem apenas um ponto de vantagem em relação ao Union Berlin no topo da classificação. Ou seja, os crónicos campeões estão a ter inesperadas dores de cabeça no processo de renovação dos respetivos títulos.

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Tudo isso era colocado em pausa, ainda assim, para lutar pela sempre pretendida glória europeia. “Não há favoritos. É 50/50. É um jogo de Liga dos Campeões e os meus jogadores estão habituados a este tipo de desafios”, explicava Christophe Galtier, que podia contar com Messi e Mbappé depois de ambos terem recuperado das lesões que os afastaram do encontro com o Mónaco. E, do outro lado, Julian Nagelsmann concordava. “É uma eliminatória 50/50 e temos de ser corajosos, a começar fora de casa. A minha equipa está com fome e acredito numa exibição de topo. Todos os grandes clubes querem conquistar a Champions, é importante para o clube e importante para mim. É um dos meus sonhos”, atirou o alemão na antevisão.

Assim, neste contexto, o PSG atuava já com Messi no onze inicial mas ainda sem Mbappé, que ainda começava no banco — onde também estava Vitinha, com Nuno Mendes e Danilo a serem ambos titulares. Pelo meio, aos 16 anos e 343 dias, o adolescente Zaïre-Emery tornava-se o mais novo de sempre a integrar um onze de um jogo a eliminar da Liga dos Campeões. Já o Bayern Munique apresentava-se com Sané, Coman e Choupo-Moting no setor mais adiantado, sendo que Müller, Gnabry e Alphonso Davies eram todos suplentes, e João Cancelo atuava de início na direita da defesa alemã.

No fim de uma primeira parte sem golos, subsistia a ideia de que o PSG podia dar-se por contente com o resultado e de que o resultado era demasiado curto para o Bayern. E os números provavam isso mesmo: os alemães tinham 10 remates contra um dos franceses, 58% de posse de bola contra 42% e 315 passes completos contra 242. O Bayern foi a única equipa a criar perigo real até ao intervalo, assumindo o ascendente claro da partida e ficando perto de abrir o marcador por intermédio de Choupo-Moting (1′), Coman (26′ e 34′) e Kimmich (44′).

Do outro lado, o único destaque era o duelo entre Neymar e Pavard. O avançado estava a ser vigiado de perto pelo lateral e ia respondendo na mesma moeda e com faltas duras — em termos práticos, porém, ganhava o francês, que ia limitando por completo os movimentos do brasileiro. O PSG jogava essencialmente com recurso às transições rápidas e à exploração da profundidade, com passes longos para as costas de uma defesa do Bayern que atuava algo subida, mas esquecia-se de um pormenor: Mbappé não estava lá.

Nagelsmann mexeu ao intervalo e trocou Cancelo por Davies, enquanto que Galtier respondeu com a entrada de Kimpembe para o lugar de Hakimi — e com os exercícios de aquecimento de Mbappé, no relvado e durante a paragem, que entusiasmaram os adeptos presentes no Parque dos Príncipes. Sem que estivessem cumpridos 10 minutos da segunda parte, porém, o Bayern Munique resgatou a eficácia que tinha faltado no primeiro tempo e inaugurou o marcador.

Davies cruzou largo a partir da esquerda e Coman, nas costas de Nuno Mendes, atirou rasteiro e de primeira para bater Donnarumma (53′) — e não festejou e até pediu desculpa, já que fez toda a formação no PSG e estreou-se enquanto profissional nos parisienses. Christophe Galtier, naturalmente, reagiu com a substituição que estava preparada e pensada desde o início, com Mbappé a entrar para o lugar de Carlos Soler, e acrescentou a troca de Zaïre-Emery por Fabián Ruiz.

A entrada de Mbappé, porém, pouco ou nada mudou na lógica do jogo até então. O Bayern continuou a dominar e esteve sempre mais perto de aumentar a vantagem do que propriamente de sofrer o empate: Choupo-Moting obrigou Donnarumma a uma boa defesa (62′) e viu um outro pontapé terminar na trave depois de um desvio do guarda-redes italiano (62′) no espaço de dois minutos, com o guardião a defender ainda um cabeceamento de Pavard logo a seguir (65′). Os alemães iam insistindo, os franceses colocavam a bola na frente — mas com pouco ou nenhum critério.

Mbappé ainda colocou a bola no fundo da baliza mas o golo foi anulado por posição irregular de Nuno Mendes (84′), que tinha feito a assistência, mas até ao fim e mesmo com a expulsão de Pavard nos descontos já nada mudou. O Bayern Munique sai de Paris com uma vantagem mínima perante o PSG que acaba por ser magra para a superioridade revelada em campo — e que só foi contestada com um forcing nos derradeiros 10 minutos. E Kingsley Coman, que em 2020 marcou o golo decisivo que deu a Liga dos Campeões aos alemães na final do Estádio da Luz contra os franceses, voltou a ser o papão do Parque dos Príncipes.