Oportunidades não faltaram, o golo não chegou. Depois do regresso às vitórias na Serie A frente ao Empoli na ressaca de uma surpreendente derrota nos quartos da Taça com a Cremonese, a Roma não foi além de um empate fora com o Lecce e perdeu a hipótese de se isolar na terceira posição mais por culpa própria do que propriamente por mérito do adversário. Seguia-se a Liga Europa, aquela prova que José Mourinho que iria agora passar a contar com “os tubarões fracassados da Champions”, como o próprio catalogou. No caso dos italianos, com o Salzburgo, que caíra da Liga milionária num grupo que tinha Chelsea e AC Milan. Mas a oportunidade acabou por servir também para falar mais para “dentro” do que sobre o encontro.

Mourinho não se mostrou adepto de Lecce e AS Roma ficou a pão e água

“Renovação de contrato? Estamos a meio de fevereiro, acham que vão falar comigo em junho? Se calhar nessa altura vai ser demasiado tarde. Não estou à espera de nada mas a Roma sabe o que pode esperar de mim, trabalho mais do que ninguém em Trigoria [centro de treinos do clube]. Tive a hipótese de sair em dezembro, mas fiquei”, atirou a propósito da ligação aos romanos que termina em junho de 2024, antes de fazer um perdão público ao lateral Karsdorp: “A palavra [traidor] que usei na altura foi demasiado pesada. Fora esse dia, sempre tivemos uma relação positiva, toda a gente no balneário sempre o adorou e estou contente que esteja novamente connosco, até porque não temos muitas opções”, explicou o técnico.

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Apoio à continuidade não parece faltar e foi isso que Dybala fez questão de deixar, qualquer que seja o seu futuro. “Cláusula de 12 milhões? É algo que está a ser tratado entre os meus agentes e o clube. Não sei o que se vai passar no final da temporada, no futuro. Gostaria de continuar a ser treinado por Mourinho, é um dos melhores e agora quero ganhar com ele. Só penso em dar o meu melhor. Quero ganhar com a Roma e ajudar a equipa a qualificar-se para a Liga dos Campeões”, assumiu o argentino, antes de piscar o olho à conquista da Liga Europa na sequência da vitória da Roma na Liga Conferência de 2021/22. “Um título europeu é algo de que sinto falta. Ganhei alguns troféus na minha carreira e espero poder adicionar um europeu por ter um sabor diferente. Sabemos que há equipas mais fortes do que nós mas no futebol nunca se sabe. Só podemos pensar em nós”, destacou o campeão do mundo de seleções.

Mesmo entre as dificuldades e até partindo na posição de outsider, a Roma procurava ir longe na competição para dar continuidade ao sucesso da última temporada, tendo pela frente uma das equipas que mais cresceu no plano europeu nos derradeiros anos. “Penso que a filosofia deles é similar à de algumas equipas da Serie A. Têm jogadores com 21 e 22 anos mas com dez ou 15 jogos de Liga dos Campeões nas pernas. Estudámos o adversário e queremos ganhar”, resumira Mourinho antes do 31.º encontro da época. Não se pode dizer que o estudo não tenha funcionado mas a eficácia ficou em Itália: apesar de criar as melhores oportunidades, mesmo perdendo Dybala ao intervalo com uma possível lesão, foram os austríacos a marcar o único golo do encontro a dois minutos do final por Capaldo (sendo que mesmo antes Belotti tinha visto um remate defendido por Köhn em cima da linha), deixando até o treinador Matthias Jaissle em delírio com uma corrida parecida com aquela que Mourinho deu em Old Trafford há quase 20 anos pelo FC Porto.

“Dominámos, perdemos golos incríveis e houve um penálti claro a nosso favor na primeira parte. É muito injusto concedermos um golo nos minutos finais. Quando não marcas as oportunidades, arriscas a que possa acontecer isto. Sei bem quem somos, conheço os nossos limites, mas quando a equipa dá tudo o que tem e tudo o que pode, não posso dizer nada de mal. Foi o que aconteceu esta noite. Dybala? Disse que não queria e não podia continuar, ainda não sei o que tem e se é mesmo lesão”, comentou o técnico português no final. “Mourinho disse que a Roma criou quase o dobro das oportunidades? Pois bem, podem ficar com essas oportunidades que eu fico com a vitória, é a única coisa que interessa”, respondeu Matthias Jaissle.