O ministro da Saúde admitiu esta terça-feira a possibilidade de outros hospitais seguirem o exemplo do Santa Maria, em Lisboa, que vai custear o procedimento de Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) de uma mulher que teve de recorrer ao privado.

Salvaguardando sempre que em causa devem estar “casos pontuais”, Manuel Pizarro voltou esta sexta-feira a elogiar a decisão do Hospital de Santa Maria e disse que pode ser que este exemplo “frutifique”.

“Não tenho nenhuma dúvida de que se as senhoras que enfrentaram situações similares recorrerem aos hospitais usando este exemplo que pode ser que este exemplo frutifique junto das outras unidades públicas. Mas devemos estar a falar de casos pontuais”, disse Manuel Pizarro.

O governante disse que está “preocupado com cada caso em que isto (acesso à IVG e custos associados acautelados) não acontece”, voltando a elogiar o Santa Maria.

“O Hospital de Santa Maria reagiu muito bem. Cometemos um erro e temos obrigação de corrigir o erro“, disse.

Em Matosinhos, onde visitou a Unidade de Saúde Local para conhecer os projetos dos centros de saúde de Perafita e de São Mamede de Infesta, o ministro da saúde foi interpretado pelos jornalistas para falar sobre os casos denunciados no fim de semana de hospitais públicos que recusam fazer IVG nos prazos legais, tendo garantido que a situação está a ser resolvida.

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“Estou concentrado em resolver estruturalmente o problema. As mulheres portuguesas têm que ter direito nos termos da lei ao acesso à IVG nos hospitais públicos. Isso tem de ser garantido”, disse.

Manuel Pizarro disse que “está a ser feito um levantamento de todas as situações em que esse acesso não está garantido” para serem tomadas “as medidas necessárias para tornar o acesso garantido”.

Não é uma medida que vai demorar meses, vai demorar semanas“, salientou.

Falhas no acesso à IVG serão corrigidas em semanas sem necessidade de auditoria, diz Ministro

Questionado se terá de recorrer aos privados, Pizarro disse que deseja que a resposta seja no público, mas admite que “transitoriamente terá de ser no setor privado”.

Manuel Pizarro procurou sublinhar que “a realidade global do acesso (à IVG) é garantido”, apontando que as mulheres esperam 6,4 dias e fazem a IVG às sete semanas, algo que, frisou, “compara muito bem no plano internacional”.

“E mais de 90% das mulheres são orientadas para consulta anticoncecional”, concluiu.