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Este Trincão é como Bellerín, nunca sai de moda (a crónica do Sporting-Estoril)

Este artigo tem mais de 1 ano

Pote desceu para médio mas Sporting subiu tanto as linhas que coletivo engoliu adversário e estendeu passadeira para o desfile do lateral renovado sem bigode e de um canhoto com muito futebol (2-0).

Francisco Trincão voltou aos golos com um grande trabalho individual e companheiros pediram às bancadas mais apoio para o esquerdino
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Francisco Trincão voltou aos golos com um grande trabalho individual e companheiros pediram às bancadas mais apoio para o esquerdino

Francisco Trincão voltou aos golos com um grande trabalho individual e companheiros pediram às bancadas mais apoio para o esquerdino

Numa semana, neste caso a semana que teve a derrota no clássico frente ao FC Porto e o empate caseiro com o Midtjylland, tudo era mau. Tudo era demasiado mau. Tudo era péssimo. Nada existia que pudesse resolver a situação. Na semana seguinte, neste caso a semana que teve a vitória em Chaves e a goleada na Dinamarca que valeu a passagem aos oitavos da Liga Europa, nem tudo era mau. Tudo parecia longe de estar mau. Tudo poderia dar a volta. Várias coisas podiam ajudar a resolver a situação. E a derrota dos dragões em casa com o Gil Vicente, em paralelo com um dérbi minhoto de resultado imprevisível entre V. Guimarães e Sp. Braga, era o condimento ideal para adensar esse sentimento assim os leões conseguissem bater o Estoril. Entre tantas vezes que se tem falado de bipolaridade da equipa, o sentimento fora de campo entre os comuns adeptos não era diferente e era com essa base que Rúben Amorim tentava equilibrar o barco das emoções.

Sporting-Estoril. Pote de volta ao meio-campo entre quatro alterações na equipa

Numa semana marcada pelos elogios de Pep Guardiola, que ao falar da última eliminatória nos oitavos da Champions entre Sporting e Manchester City descreveu o timoneiro leonino como “um dos melhores técnicos do momento”, o número 1 da equipa leonina preferiu passar ao lado de eventuais portas que se tenham aberto em Inglaterra para dar também ele um exemplo de estabilidade para dentro e para fora, com novas promessas de foco total em Alvalade. “Claro que é sempre bom ouvi, mas a minha realidade passa por lenços brancos na semana passada e uma época muito aquém. Mesmo ligando ao comentário que foi feito, os resultados é que ditam tudo, o que se passa à volta do jogo não interessa. Não quero abrir portas a Inglaterra. Já tive alguns contactos e sempre disse e volto a dizer que estou muito feliz aqui. O que não quero é desiludir os meus adeptos, que na semana passada mostraram desagrado em relação ao treinador”, comentou num passar de ónus para a sua figura mesmo sabendo que a larga maioria dos assobios não eram para si.

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Mais uma vez, e antes de saber o resultado dos campeões no Dragão com o Gil Vicente, Rúben Amorim tinha começado a preparar os 90 minutos em campo numa conferência de imprensa fora dele 24 horas antes. E tinha um grande desafio pela frente a nível de estabilidade de equipa, a par de um Estoril que dispensar Nelson Veríssimo em vésperas da deslocação a Alvalade tendo agora o interino Pedro Guerreiro no comando (Ricardo Soares é o nome mais desejado para a sucessão): como substituir Ugarte, um jogador que se tem afirmado como peça fundamental da equipa não só pelas saídas de João Palhinha e Matheus Nunes mas também pela carência de opções nessa zona do terreno, de preferência sem “sacrificar” Pedro Gonçalves.

“Em relação ao que podemos controlar, vamos apresentar uma equipa forte sem o Ugarte, que já precisava de descansar. Vai jogar outro jogador naquela posição. Espera-nos um jogo difícil mas vamos mais confiantes. Prefiro assim do que ter mais tempo de preparação e ir para o jogo sem ganhar. Temos duas vitórias consecutivas mas queremos mais. Em relação ao Estoril, não atravessa um bom momento mas tem jogadores talentosos, com escola em clubes grandes. Nestes encontros sem responsabilidade, até porque mudaram de treinador e nós somos favoritos, de certeza que vão colocar problemas. O facto de termos passado na Liga Europa dá-nos uma confiança extra”, realçara, confidenciando em paralelo que tinha feito a análise à forma de jogar dos Sub-23 da equipa da Linha para estar mais preparado para eventuais mudanças.

“Ginástica tática? Temos soluções para não perder o equilíbrio, o equilíbrio não depende de um jogador. Sabemos da importância do Ugarte, que tem feito um grande número de jogos. O Dário [Essugo] não desapareceu, simplesmente está lesionado há algum tempo e é por isso que não tem estado nas contas. Era um jogador que tínhamos vindo a trabalhar, não desapareceu do mapa. Agora vai entrar um jogador que poderá ser o Mateo [Tanlongo] ou podemos meter um jogador como o Morita. Não vou entregar o jogo agora mas não vai alterar muito porque jogamos de uma forma estabelecida”, acrescentara ainda sobre o tema.

Ainda não foi desta que o argentino foi aposta inicial, com Rúben Amorim a “sacrificar” Pedro Gonçalves da frente para ocupar um lugar à frente do médio mais posicional Morita. E, em determinados momentos da primeira parte, ainda se sentiu a falta no ataque do internacional que bisara nos dois últimos encontros dos leões. No entanto, a forma como o Sporting conseguiu jogar de linhas subidas possibilitou que soluções menos habituais aparecessem em zonas de finalização como aconteceu com Bellerín, lateral espanhol que se apresentou sem bigode mas nem por isso saiu da moda com o primeiro golo nos últimos dois anos. Depois, perante um coletivo sempre forte, apareceu o individual. E se Marcus Edwards abriu o livro na primeira parte, Trincão foi o rei da passerelle no segundo tempo com um golo de craque a passar por vários adversários entre outras iniciativas com remate a recordar os melhores tempos do jovem esquerdino.

Ficha de jogo

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Sporting-Estoril, 2-0

22.ª jornada da Primeira Liga

Estádio José Alvalade, em Lisboa

Árbitro: Manuel Mota (AF Braga)

Sporting: Adán; St. Juste, Coates (Gonçalo Inácio, 67′), Matheus Reis; Bellerín (Ricardo Esgaio, 77′), Morita, Pedro Gonçalves (Tanlongo, 82′), Nuno Santos (Arthur, 77′); Francisco Trincão, Marcus Edwards e Paulinho (Chermiti, 67′)

Suplentes não utilizados: Franco Israel, Diomande, Mateus Fernandes e Jovane Cabral

Treinador: Rúben Amorim

Estoril: Dani Figueira; Tiago Santos, Mexer, Pedro Álvaro, Joãozinho (João Marques, 79′); Gamboa, Francisco Geraldes (Lea Siliki, 57′), João Carvalho (João Carlos, 79′); Tiago Gouveia (Rodrigo Martins, 69′), Rafik Guitane (Tiago Araújo, 69′) e Cassiano

Suplentes não utilizados: Pedro Silva, Bernardo Vital, Ndiaye e Carlos Eduardo

Treinador: Pedro Guerreiro

Golos: Bellerín (40′) e Francisco Trincão (51′)

Ação disciplinar: nada a registar

Os leões voltaram a entrar com uma boa dinâmica de jogo, tendo apenas dois calafrios com a tentativa do Estoril em colocar bola nas costas dos centrais para explorar a profundidade mas sem que isso passasse de seguida a oportunidade. Não houve remates à baliza mas, perante linhas mais baixas do que é normal no perfil de jogo do adversário, foram alguns os passes de rutura que conseguiram encontrar as unidades mais avançadas sem que aparecesse depois uma assistência para finalização ou por tentativas deficientes ou por cortes dos defesas contrários. Assim, e numa toada de domínio verde e branco, o primeiro remate surgiu já perto do quarto de hora inicial com Nuno Santos a ganhar pela esquerda em antecipação, a progredir com bola e a rematar cruzado perto do poste da baliza de Dani Figueira (13′). Alvalade parecia acordar. 

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Sporting-Estoril em vídeo]

Apesar das recentes vitórias dos leões e de haver pessoas a entrar ainda depois do quarto de hora inicial, as assistências continuam longe daquilo que foram na era Amorim até 2022/23. Pode falar-se do dia (segunda-feira), da hora (19h), do que mais houver, mas o filme desportivo de toda a temporada e a guerra aberta entre Direção e claques em nada ajuda a trazer mais pessoas ao estádio. Assim, tinha de ser a equipa a puxar pelos adeptos mais do que os adeptos a puxarem pela equipa, como aconteceria pouco depois num cabeceamento de Paulinho após cruzamento de Marcus Edwards da direita que Dani Figueira defendeu para canto (18′). Até à meia hora de jogo, essa seria a única tentativa enquadrada entre pedidos (sem sucesso) de penálti num lance em que Tiago Silva saltou e atingiu Paulinho e noutro em que Edwards pisou Francisco Geraldes.

Agora era a vez de os adeptos puxarem pela equipa. Havia alguns sinais de ansiedade aqui e ali pela forma como a equipa verde e branca conseguia chegar ao último terço mas falhava depois na definição no momento da verdade mas o Sporting continuava a ter o domínio do jogo e a criar perigo quando o coletivo trabalhava para as individualidades aparecerem, como aconteceu numa segunda bola ganha por Morita para a diagonal de Marcus Edwards da direita para o meio com um remate a rasar o poste (38′). Os leões cresciam, ganhavam confiança e chegariam mesmo ao golo pouco depois, com Paulinho a tentar receber de costas na área, João Carvalho a não conseguir limpar o lance e Bellerín a aparecer para o remate rasteiro cruzado que fez o 1-0 numa fase em que St. Juste era quase o ala e o espanhol estava na frente (40′). Trincão ainda teve um cabeceamento por cima (42′) mas o intervalo chegaria com a vantagem mínima dos verde e brancos.

Nenhuma das equipas mexeu ao intervalo, ambas as equipas tinham um propósito após o intervalo. Por um lado, o Estoril teria de subir linhas, encontrar outras dinâmicas nas transições ofensivas e manter mais jogo com bola para poder reentrar na partida; por outro, o Sporting tentaria manter a mesma toada do primeiro tempo, com uma entrada forte que pudesse facilitar os restantes 45 minutos. Da parte dos canarinhos, não se viu nada; da parte do Sporting, houve tudo. Até Francisco Trincão, aquele Francisco Trincão que era aposta para relançar a carreira fazendo esquecer Pablo Sarabia mesmo sendo um jogador muito diferente: o esquerdino agarrou na bola na esquerda, foi ziguezagueando a ultrapassar adversários sempre em posse, conseguiu entrar na área aproveitando também alguma passividade contrária e fuzilou para o 2-0 (51′).

O encontro estava praticamente resolvido, não tanto pela diferença de dois golos mas pela forma como o Sporting se conseguia superiorizar a um Estoril muito longe daquilo que pode render com os jogadores do atual plantel. E continuou o espectáculo Francisco Trincão, com Dani Figueira a evitar por duas ocasiões o bis do esquerdino que já leva mais golos em 2022/23 do que nas duas últimas temporadas apesar de ter estado dois meses em branco em situações que começavam muitas vezes com perdas de bola ainda no primeiro terço dos canarinhos que deixavam o capitão Joãozinho à beira de um ataque de nervos. As substituições foram depois quebrando o ritmo, Tiago Araújo ainda acertou no poste da baliza de Adán na sequência de um canto (83′), Chermiti viu Dani Figueira tirar-lhe o golo em cima do minuto 90 mas o resultado não mais voltaria a mexer mesmo com um Sporting mais perto do melhor que já fez esta época.

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