Os cortes no português no estrangeiro e o baixo valor dos salários dos trabalhadores consulares foram as duas situações mais “preocupantes” analisadas no fim de semana, em Washington, pelos representantes das comunidades nos Estados Unidos da América e Canadá.

Em comunicado, o Conselho Regional da América do Norte/Conselho das Comunidades Portuguesas (CRAN/CCP) alertou para os cortes que o ensino de português no estrangeiro tem sofrido, apesar do “aumento do número de estudantes”.

Situação igualmente preocupante é a dos trabalhadores consulares que vivem em rutura salarial, com salários abaixo do mínimo nos Estados Unidos”, prosseguem os conselheiros.

Na reunião anual do CRAN/CCP, os participantes lamentaram “o adiar de soluções perante o agravamento dos problemas, mascarado pelo desfasamento entre o discurso” do gabinete do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas “e as respostas para as situações mais críticas”.

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Os conselheiros analisaram ainda “a vida associativa na passagem às segundas gerações“, bem como “o apoio aos ‘media’ étnicos em português” e “o exercício do direito básico de participação eleitoral”.

O Conselho lamenta que as soluções que tem apresentado à tutela, e que merecem o “apoio verbal” dos governantes, não sejam acompanhadas das necessárias respostas que “tardam”, enquanto os problemas se agravam.

Por outro lado, o CRAN observou o surgimento de novas escolas por iniciativa e financiamento comunitários — casos de Palm Coast (Florida), Gilroy e Half Moon Bay (Califórnia) — e “a progressiva integração étnica com empoderamento cívico e político que se verifica a nível geral dos Estados Unidos e Canadá, de que a comunidade de Santa Clara (Califórnia), Elizabeth (New Jersey) e Palm Coast (Florida) são bons exemplos”.

Com vista a um aumento da participação eleitoral destas comunidades, o CRAN defende “soluções que permitam mitigar a enorme dificuldade de votar para milhares de cidadãos portugueses que vivem demasiado longe das mesas de voto nos consulados”.

E preconiza, para tal, que “nas eleições legislativas das regiões autónomas dos Açores e da Madeira, em equidade com as eleições legislativas nacionais, deve ser aplicado o mesmo direito de participação eleitoral de ‘voto em mobilidade’ (caderno eleitoral desmaterializado) aos cidadãos portugueses eleitoralmente registados nas regiões autónomas”.