Há uma maneira de uma equipa ser uma das oito melhores da Europa ao mesmo tempo que, na Premier League, faz o mapeamento dos caminhos da amargura. O Chelsea conhece bem essas rotas, visto que por lá se tem perdido. Ainda que com os mesmos jogadores, treinador, equipamento e estádio que usa na Liga Inglesa, os blues vestiram-se de forma diferente na Europa para consumarem, na segunda mão da eliminatória da Liga dos Campeões, diante do Borussia Dortmund, a reviravolta que levou os londrinos aos quartos de final (2-0). À distância que o Chelsea se encontra dos lugares de Champions atribuídos à Premier League, ganhar a liga milionária talvez seja um percurso a ter em conta para os blues figurarem entre os tubarões europeus na próxima temporada.

A equipa de Graham Potter voltou às vitórias — e aos golos — contra o Leeds. Enfrentava agora no King Power Stadium um Leicester que tem desapontado esta temporada numa Premier League que não tem sido menos do que dramática para muitas equipas habituadas a estar no topo. O Chelsea estava perante uma oportunidade de entrar num ciclo vitorioso e partir para uma ponta final de temporada que diminuísse os efeitos nefastos causados pelo momento negativo que a equipa vive no campeonato. “É muito difícil jogar e, quando chegamos a casa, dizermos apenas, ‘bem, perdemos o jogo’ e está tudo bem. Isso não funciona para mim”, comentou o treinador do Chelsea em relação aos maus resultados obtidos pela equipa que têm lançado a dúvida quanto à sua continuidade no cargo.

O Chelsea tem lidado com vários problemas de lesões. Raheem Sterling, um dos marcadores no jogo contra o Dortmund, esteve ausente. Em comparação com o duelo europeu, Potter repetiu o onze, trocando apenas o internacional inglês por Mudryk, jogador sobre o qual o técnico foi bastante questionado na antevisão devido à escassa utilização que lhe tem dado para os 100 milhões investidos no extremo. João Félix e Enzo Fernández também foram escolhas iniciais. Do lado do Leicester, o treinador Brendan Rodgers lançou Ricardo Pereira.

A portugalidade entrou em conflito no início do jogo. João Félix e Ricardo Pereira disputaram um lance. O jogador do Leicester atingiu com uma pisadela a perna do ex-Benfica que teve que ser assistido pela equipa médica do Chelsea. Aos 15 minutos, Félix voltou a ser questionado pelo árbitro, Andre Marriner, em relação à sua condição de tão visíveis que eram as dificuldades do atacante. Pelo meio, Ben Chilwell (11′) deu vantagem à equipa de Stamford Bridge.

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Os esgar de dor, que começou por ser individual, passou a ser coletivo. Grahm Potter não retirou Félix do campo e o português perdeu a bola numa zona comprometedora. O avançado do Leicester, Daka (39′) ficou em boa posição para rematar forte para o fundo das redes de Kepa, empatando o encontro.

O que restou da primeira parte serviu para Enzo Fernández mostrar porque que é que o perfume do seu futebol deixou saudades no campeonato português. O argentino parou o tempo na zona central, viu que não tinha soluções e então inventou uma. O melhor jogador jovem do último Mundial levantou a bola por cima da linha defensiva e Kai Havertz (45+6′) colocou de novo o Chelsea na frente.

Os minutos adicionais da primeira parte, serviram para prolongar o sofrimento de João Félix cuja situação não melhorava, mas, em simultâneo, foram momentos compensadores para os blues. O português viria mesmo a sair ao intervalo para dar lugar a Conor Gallagher. Mais um episódio infeliz para o jogador emprestado pelo Atlético de Madrid que foi expulso na estreia pelos londrinos, cumpriu três jogos de suspensão e tem tido dificuldades para ser consistente.

No segundo tempo, o Chelsea ainda passou por alguns sustos, mas Kovacic (78′), com um golpe de karaté, deu conforto ao fazer o 3-1 diante de um Leicester que acabou reduzido a dez por expulsão de Wout Faes. Os blues não venciam dois jogos seguidos para a Premier League desde outubro, mesmo assim continuam no 10.º lugar.