17 de janeiro de 1952 — 28 março de 2023. É assim, simplesmente assim, que na conta oficial de Twitter é anunciada a morte de Ryuichi Sakamoto, músico e compositor japonês, cujo talento é reconhecido internacionalmente. Sakamoto — que ganhou um Óscar com a banda sonora de “O Último Imperador” (1987) e entrou no filme “Feliz Natal, Mr. Lawrence” (1983) com David Bowie — lutava há vários anos contra um cancro de estágio 4. Tinha 71 anos.

Sakamoto, natural de Tóquio, foi também teclista da banda Yellow Magic Orchestra — conhecida como YMO —, formada em 1978 com Haruomi Hosono e Yukihiro Takahashi. Pioneira da música eletrónica, do recurso ao uso de sintetizadores, samplers, sequenciadores, e tecnologia de gravação digital, a YMO teve um papel fundamental a abrir portas à eletropop dos anos 1980, influenciando géneros como o synthpop, J-pop, música electro e techno.

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Na infância, Ryuichi começou a estudar música muito novo, com apenas 10 anos de idade. Os seus gostos eram ecléticos. Tanto ouvia Beatles como Debussy. O seu pai, Kazuki Sakamoto, trabalhava na indústria da música — era um reconhecido editor da Kawade Shobo Shinsha — e foi, desde logo, uma influência no seu caminho.

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Ryuichi Sakamoto com David Byrne e Cong Su em 1988 quando venceram o Óscar de Melhor Banda Sonora

Em 2022, ano em que deu o seu último concerto, revelou que lutava contra um cancro de estágio IV. Já este ano, a 17 de janeiro, lança “12”, aquele que seria o seu último álbum, publicado seis anos depois do anterior.

Com 12 faixas, cada uma intitulada apenas com a data em que foi feita, o álbum foi composto enquanto fazia tratamentos contra o cancro e, por isso, chamou-lhe o seu “diário sónico”.

Sakamoto contou, numa entrevista, que quando voltou para casa, em março de 2021, depois de uma longa estadia no hospital, “sentiu o corpo mais leve” e deu por si à procura do sintetizador. “Não tinha intenção de compor nada. Só queria ser submerso no som.”