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Vladimir Kara-Murza, crítico de Vladimir Putin preso desde abril de 2022, não poupou nas palavras durante as alegações finais do seu julgamento, comparando o processo aos julgamentos encenados de Estaline, e declarando que se mantém firme na sua oposição ao Kremlin e à guerra na Ucrânia.

Kara-Murza, de 41 anos, está acusado de traição e de difamar o exército russo, e enfrenta uma pena que pode ir até aos 25 anos de prisão. O historiador e ativista político nega as acusações.

O julgamento, cujo veredito será conhecido a 17 de abril, tem decorrido à porta fechada. No entanto, a equipa de defesa do ativista tornou pública uma cópia das suas declarações finais ao tribunal, proferidas na segunda-feira. No discurso, feito na segunda-feira, Kara-Murza adotou uma postura desafiante, recusou pedir ao tribunal que o absolvesse, e manteve todas as críticas feitas ao regime:

“Só me culpo por uma coisa: não consegui convencer um número suficiente de compatriotas e políticos em países democráticos do perigo que o atual regime do Kremlin representa para a Rússia e para o mundo”, afirmou. O arguido foi ainda mais longe e comparou o atual clima de repressão na Rússia ao Estalinismo da década de 1930, quando o ditador soviético perseguiu sistematicamente opositores políticos, culminando na Grande Purga (1936-1938).

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“Para mim, enquanto historiador, isto é causa para refletir. É suposto os criminosos arrependerem-se do que fizeram. Mas eu, por outro lado, estou preso pelas minhas ideias políticas“. Ainda assim, deixou uma mensagem de esperança. “Sei, também, que o dia chegará em que a escuridão que se abate sobre o nosso país se vai dissipar”.

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Kara-Murza, que já sobreviveu a duas tentativas de envenenamento — em que as autoridades russas negam ter estado envolvidas —, foi detido ao abrigo das novas leis de censura do Kremlin, promulgadas pouco depois do início da invasão da Ucrânia e que ao longo do último ano têm sido utilizadas para perseguir dissidentes e opositores políticos de Putin.

Também esta segunda-feira, dezenas de ativistas e jornalistas russos (muitos dos quais estão no exílio) assinaram uma carta aberta pedindo a libertação de Kara-Murza e acusando o Kremlin de o deter com base em acusações falsas e politicamente motivadas. “Processem assassinos e criminosos, em vez de cidadãos honestos e responsáveis que se atrevem a pensar e falar a verdade. (…) Parem a marcha da Rússia em direção a um novo sistema totalitário e Estalinista”, pode ler-se. Até ao momento, a carta ainda não obteve qualquer resposta por parte das autoridades.

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