O Banco Mundial anunciou esta quarta-feira que vai conceder 200 milhões de dólares (182 milhões de euros) à Ucrânia para que o país repare a sua rede elétrica, particular alvo de ataques russos durante o inverno.

Este novo apoio poderá ser acompanhado por outra doação, de 300 milhões de dólares (273 milhões de euros), de “parceiros e outros doadores, à medida que o projeto for alargado”, e deve permitir à Ucrânia realizar trabalhos de emergência para restaurar infraestruturas críticas e instalar equipamentos de aquecimento quando necessário, acrescentou a entidade numa nota à imprensa.

“As infraestruturas de energia ucranianas sofreram danos de 11 mil milhões de dólares (10 mil milhões de euros) em 2022 e é uma das áreas onde a Ucrânia precisa de reparações mais urgentes”, disse a diretora-geral de operações do Banco Mundial, Anna Bjerde, citada no comunicado.

A campanha russa de destruição dirigida especificamente à rede elétrica durante o outono e inverno atingiu mais de 50% das infraestruturas energéticas do país, sobretudo no leste do país, onde os combates são mais violentos, apontou a instituição.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Esta nova concessão eleva para cerca de 23 mil milhões de dólares (20,9 mil milhões de euros) o montante total dos financiamentos concedidos pelo Banco Mundial à Ucrânia desde o início do conflito, quer sob a forma de empréstimos quer sob a forma de subvenções. Até agora, 20 mil milhões de dólares (18,1 mil milhões de euros) foram desembolsados para o país.

Os principais apoiantes da Ucrânia reuniram-se hoje na sede do Fundo Monetário Internacional (FMI), por ocasião das reuniões de primavera da instituição, num encontro que contou com a participação por videoconferência do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, do primeiro-ministro Denys Chmyhal, da diretora executivo do FMI, Kristalina Georgieva, e do presidente do Grupo Banco Mundial, David Malpass.

Na reunião, Zelensky defendeu a necessidade de criação de mecanismos concretos de reaproveitamento de ativos russos congelados para compensar os danos causados Rússia na Ucrânia.

“Deve ficar claro que os ativos, incluindo os ativos do Banco Central da Rússia, deverão ser confiscados. Será um ato de paz à escala global. E qualquer potencial agressor deve ver isto e lembrar-se que o mundo pode ser mais forte”, disse o chefe de Estado ucraniano.

“Todos esses bens devem servir para compensar as perdas daqueles a quem a Rússia trouxe dor e sofrimento. Os ativos russos devem ir para a recuperação após a agressão”, advogou ainda.

Zelensky afirmou que o seu objetivo é que não deixar uma única ruína na Ucrânia, “uma prova bastante concreta da derrota completa do estado terrorista”.

Chmyhal aproveitou ainda para dizer que a “restauração da Ucrânia tornar-se-á num dos maiores projetos de investimento na história da Europa”, e que o país precisa de 14,1 mil milhões de dólares (12,8 mil milhões de euros), valor estimado pelo Banco Mundial, para “levar às pessoas um nível mínimo de serviços sociais e humanitários”.

“Precisamos de conseguir essa verba o mais tardar no primeiro semestre deste ano para ter tempo de investir esse dinheiro em infraestruturas sociais e crítica. Esperamos que, graças ao apoio contínuo dos nossos parceiros internacionais, possamos garantir a reconstrução do nosso país e a restauração da economia nacional num curto período de tempo”, acrescentou.

Por sua vez, a secretária do Tesouro norte-americana, Janet Yellen, também presente na reunião, recomendou o foco contínuo do Governo ucraniano na boa governação e em medidas anticorrupção.

“É essencial o seu compromisso em garantir que a assistência internacional seja usada com responsabilidade”, sublinhou a secretária do Tesouro.

Já o presidente do Grupo Banco Mundial considerou fundamental apoiar o crescimento de longo prazo do país, através de projetos e intervenções em setores como energia, infraestruturas, transporte, agricultura, assim como capital humano.

“Presidente Zelensky, a nossa determinação de apoiá-lo, e ao bravo povo da Ucrânia, permanece inabalável”, garantiu Malpass.

Um estudo realizado em 22 de março pelo Banco Mundial, Nações Unidas, União Europeia e Governo ucraniano estimava as necessidades em termos de recuperação e reconstrução em 411 mil milhões de dólares (373,9 mil milhões de euros), valor que deve crescer com a continuação do conflito.