O FBI deteve, esta segunda-feira, dois homens suspeitos de abrir uma “esquadra secreta” chinesa em Chinatown, em Manhattan. Num comunicado, o Departamento de Justiça norte-americano explica que a China, através do seu “aparato de segurança repressivo”, estabeleceu uma “presença secreta física” no centro do Nova Iorque. O objetivo, segundo as autoridades norte-americanas, passava por “monitorizar e intimidar os dissidentes” e aqueles que se manifestam contra o regime de Xi Jinping.

A esquadra já tinha sido encerrada em outubro de 2022, após uma rusga do FBI, que apreendeu os telemóveis dos dois homens —  Lu Jianwang, de 61 anos, e Chen Jinping, 59 anos. Até esta segunda-feira, as autoridades estiveram atentas às comunicações entre os dois e também conseguiram apurar que os suspeitos apagaram informações enviadas ao Ministério da Segurança Pública da China, órgão com quem colaboravam.

Os dois homens, que trabalharam juntos para estabelecer a esquadra, estão acusados de conspiração por terem agido como agentes do governo chinês, assim como de obstrução à Justiça ao destruir provas. Além disso, de acordo com o Departamento de Justiça, nenhum dos dois avisou as autoridades norte-americanas de que estavam a “operar uma esquadra de polícia ilegal em solo norte-americano”.

A atitude chinesa já valeu duras críticas por parte das autoridades norte-americanas. O procurador Matthew G. Olsen afirmou que as “ações da China vão muito além da conduta aceitável nas relações entre Estados”. “Vamos continuar a defender as liberdades daqueles que estão a viver no nosso país da ameaça da repressão autoritária”, garantiu o responsável jurídico.

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“Esta investigação revela a violação flagrante da nossa soberania ao estabelecer-se uma polícia secreta no meio de Nova Iorque”, destacou, por seu turno, o procurador Breon Peace, que explicou que os dois homens tinham a tarefa de “ajudar a localizar um dissidente chinês a viver nos Estados Unidos”. 

O diretor adjunto na divisão de contrainteligência do FBI foi ainda mais longe. “É simplesmente ultrajante que a China pense que conseguia levar a sua avante ao estabelecer uma esquadra de polícia ilegal nos Estados Unidos que auxiliaria os seus esforços a exportar repressão e subverter o Estado de direito”, atirou Kurt Ronnow.

“Este caso serve como um poderoso lembrete de que a China não vai parar ao silenciar as mensagens daqueles que não quer ouvir”, afirmou Kurt Ronnow, que assegurou que o FBI vai continuar empenhado a “proteger” todos aqueles que estão nos Estados Unidos contra os esforços de “minar” as “liberdades democráticas”. “Vamos responsabilizar qualquer ator estatal — e aqueles que o ajudaram — por terem violado as nossas leis”, rematou.