Augusto Santos Silva recusou-se esta quinta-feira, em plenário, a pedir desculpas à Iniciativa Liberal e ao Chega na sequência do vídeo em que criticou os dois partidos. O presidente da Assembleia da República limitou-se a pedir desculpas “em nome do Parlamento” aos “representantes de órgãos de soberania que foram escutadas ilegitimamente nesta casa há 48 horas”. Como o vídeo foi captado e divulgado pela AR TV — antes de ser noticiado pelo Observador — Santos Silva determinou “aos serviços da AR, a abertura de um processo de averiguação de que condições foram divulgadas aquelas imagens e aqueles sons para que se saiba quem autorizou”.

Ouça aqui o episódio do podcast “A História do Dia” sobre o caso do vídeo com as três mais altas figuras do Estado.

Como um vídeo abriu uma crise institucional

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Santos Silva tinha sido abordado — numa resposta a uma interpelação à mesa feita por IL e Chega — o presidente da Assembleia da República considera que “o aconteceu foi uma violação gravíssima de direitos e liberdades individuais e desrespeito da AR com outros órgãos de soberania.” Sobre a substância — havendo a dúvida sobre se se referiu à “integridade política” ou à “maturidade política da IL”, Santos Silva  recusa-se “a pronunciar” e “a fazer debate político com base naquilo que é violação de direitos individuais.” Diz ainda que foram “manifestamente falsas” algumas citações que lhe foram atribuídas.

AR TV apaga vídeo de Santos Silva com Costa e Marcelo. Santos Silva garante que só acusou IL de “falta de maturidade política”

Antes de Santos Silva se justificar, o presidente da Iniciativa Liberal interpelou o presidente da AR para dizer o que já tinha dito em conferência de imprensa esta quinta-feira de manhã: “A IL não aceita lições de maturidade de quem esteve anos a fio ao lado de José Sócrates, sem pedir desculpas. Não há nada mais imaturo do que já ter feito uma coisa deste género com expressões como Feira de Gado e cair de novo numa coisa deste género.”

[Ouça aqui a intervenção de Augusto Santos Silva no arranque do plenário no Parlamento]

Santos Silva evita desculpas aos partidos: “É lamentável que uma conversa privada tenha sido captada no Parlamento”

Rui Rocha desafiou Santos Silva a “dizer de viva voz o que disse naquela conversa” e, caso o fizesse, que explicasse se teria “condições de imparcialidade” para prosseguir as funções como presidente da AR.

Seguiu-se então o líder parlamentar do Chega que começou por dizer que “o que se passou nas últimas horas é lamentável”.  Pedro Pinto pinto acusou as três maiores figuras da nação de estarem não só a “humilhar dois partidos políticos”, como “os milhares de portugueses” que votaram neles.

Para o líder da bancada do Chega, “a democracia está em perigo”, não pela ação do Chega, mas pela “demonstração autoritária do presidente da AR”. Pedro Pinto criticou o facto de Santos Silva ter apagado o vídeo (“A AR TV não é sua, é de todos os portugueses”) e exigiu a saída do presidente do AR: “Não tem condições para continuar como presidente da Assembleia da República.”