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Os antigos tanques soviéticos retirados pela Rússia de um armazém militar podem ser, afinal, eficazes no campo de batalha. Fabricados nos anos 40, os T-55 têm a vantagem de serem “fáceis de utilizar”.

Um relatório do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais estimou que, desde o início da guerra, a Rússia perdeu entre 1.845 e 3.511 tanques. A falta de equipamento levou a que, no início de março, Moscovo tenha recorrido ao velho material de guerra soviético e enviá-lo para o campo de batalha, na Ucrânia.

Mesmo estando desatualizados, os tanques T-55 podem vir a ser úteis. Segundo Robert Lee, antigo fuzileiro naval dos EUA, serão provavelmente utilizados “numa zona de retaguarda”. “Não haverá necessariamente tanques a avançar, mas mais disparos a longa distância”, explicou à CNN.

Moscovo movimenta tanques dos anos 1950 que tinham sido desativados

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Também John Delaney, historiador e curador do Imperial War Museum, em Duxford, Cambridge, Inglaterra, sustenta que o material pode ser utilizado de forma defensiva. “Se se estiver a tentar evitar um confronto de tanques, é colocá-los num fosso, em posições defensivas de modo a que apenas se consiga ver a torre, e depois isso pode ser utilizado para defender posições do contra-ataque”, explicou ao mesmo canal televisivo.

Para os novos recrutas, os tanques T-55 apresentam uma vantagem: são de fácil utilização. “Se houver muitos recrutas a entrar, o que acontece atualmente com as forças russas, será mais fácil e mais rápido treinar as pessoas para utilizarem estes tanques do que um modelo mais moderno de carro de combate”, considerou o historiador. No entanto, contra um Leopard “o T-55 perderá sempre”.

Apesar de não haver confirmação oficial russa, bloguistas pró-russos têm partilhado fotografias onde se vê o material em território ucraniano ocupado pela Rússia. Em março, circulou nas redes sociais um vídeo com vários tanques T-54 e T-55 a serem transportados de um armazém numa base em Arsenyev, no leste do país.

As imagens de satélite da Maxar Technologies vêm corroborar a informação: mostram que, entre abril de 2021 e abril de 2023, dezenas de tanques foram retirados do local.

Imagens de satélite da Maxar Technologies. Na direita mostra o armazém de tanques em Arsenyev, antes da invasão da Ucrânia, a 22 de abril de 2021. Na esquerda, o mesmo armazém a 21 de abril de 2023

Imagens de satélite da Maxar Technologies. Na direita mostra o armazém de tanques em Arsenyev, antes da invasão da Ucrânia, a 22 de abril de 2021. Na esquerda, o mesmo armazém a 21 de abril de 2023

Os tanques T-55 foram pela primeira vez encomendados em 1948 pelo Exército Vermelho da União Soviética, pouco depois da Segunda Guerra Mundial terminar. “Este foi o primeiro carro de combate usado pela União Soviética na era da Guerra Fria”, explicou John Delaney.

Visto como um “carro de combate”, que podia fazer um pouco de tudo, o T-55 rapidamente se tornou no tanque mais produzido do mundo. Foram utilizados em revoltas nos antigos países do Pacto de Varsóvia, em conflitos israelo-árabes e na Guerra do Golfo.

Depois da reunificação alemã, o Imperial War Museum adquiriu o equipamento soviético. Já desatualizados, na década de 80, existiam mais de 28.000 tanques T-55 de fabrico russo que, em vez de desmantelados, foram desativados. “Os soviéticos nunca deitavam nada fora. Provavelmente, há um número significativo deles em armazéns à espera de serem reconfigurados”, explicou.