O chanceler alemão e os líderes dos países bálticos insistiram esta sexta-feira em que a ajuda militar dos aliados ocidentais a Kiev serve “exclusivamente” para a defesa da Ucrânia, destinada a recuperar “território ucraniano”, não para atacar a Rússia.

“As armas que estamos a fornecer à Ucrânia servem para a defesa do território ucraniano”, sublinhou o chefe do executivo alemão, Olaf Scholz, em Tallinn, juntamente com a primeira-ministra estónia, Kaja Kallas, o seu homólogo letão, Arturs Krisjanis Karins, e a da Lituânia, Ingrida Simonyte.

A Ucrânia “nunca agrediu outro país”, mas está a sofrer “a brutal agressão russa”, sustentou Karins, recordando que aquele país é diariamente alvo de ataques a infraestruturas civis, como foi esta sexta-feira mesmo o caso de um hospital psiquiátrico em Dnipro, com pelo menos duas vítimas mortais.

A chefe do Governo lituano, por seu lado, apelou para que a próxima cimeira da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental), a realizar na capital do seu país, Vilnius, no próximo mês de julho, sirva para reforçar as defesas antiaéreas de todo o flanco oriental da Aliança Atlântica.

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Ingrida Simonyte recordou a especial vulnerabilidade dos países bálticos — enquanto ex-repúblicas soviéticas — e frisou que nenhum destes países se deixará intimidar pelas “provocações” dos Estados fronteiriços, procedam elas da Rússia ou da sua aliada Bielorrússia.

Questionado sobre a possibilidade de se entabular de imediato negociações de paz com Moscovo, Scholz respondeu: “A guerra na Ucrânia não pode derivar num conflito congelado. A Rússia deve retirar as suas tropas do território ucraniano, essa é a condição prévia”.

A resposta a quando ou como podem iniciar-se tais negociações “cabe obviamente à Ucrânia”, esclareceu em seguida o chanceler alemão, uma posição secundada pelos três dirigentes bálticos.

A reunião do líder alemão e dos seus homólogos dos países bálticos inscreveu-se na ronda preliminar de contactos antes da cimeira que reunirá em Vilnius os 31 Estados-membros da Aliança Atlântica.

Será a primeira em que a Finlândia comparecerá já como membro de pleno direito da organização, enquanto se aguarda que a Suécia — que também pediu a adesão no ano passado, após a invasão russa da Ucrânia — obtenha a ratificação dos dois últimos membros que ainda não o fizeram: a Hungria e a Turquia.

“A NATO é uma organização orientada para a defesa de todos e cada um dos seus membros”, recordou Scholz, para sublinhar mais uma vez as diferenças em relação à Rússia, enquanto país que se lançou numa “brutal guerra de agressão” contra a Ucrânia.

“Deveríamos ter agido antes, o mais tardar em 2014”, lamentou, por sua vez, Karins, referindo-se ao ano em que a Rússia anexou a península ucraniana da Crimeia.

“A Ucrânia está agora a pagar as consequências da nossa resposta tardia”, acrescentou o primeiro-ministro da Letónia, país que, como os outros bálticos e a Polónia, vinham pedindo aos seus parceiros ocidentais posições de maior força em relação a Moscovo.