A Assembleia da República aprovou esta sexta-feira, por unanimidade, votos de pesar pela morte da escritora e dinamizadora cultural Eduarda Dionísio e pela cofundadora do grupo Lusopress Lídia Sales.

“A Assembleia da República manifesta o seu profundo pesar pelo falecimento de Eduarda Dionísio, homenageia-a como uma figura destacada da cultura e da vida democrática em Portugal e apresenta condolências à sua família”, refere o texto apresentado pelo BE.

Já no texto apresentado pelo PS, lamenta-se o falecimento no passado dia 21 de maio de Lídia Sales, cofundadora do Grupo Lusopress, “que promove eventos associados à valorização dos portugueses e do nome de Portugal nas comunidades”.

O voto do BE relativo a Eduarda Dionísio (1946-2023) refere que foi filha do professor, escritor, pintor e empenhado resistente antifascista Mário Dionísio, lembrando que “dedicou a sua vida ao ensino, à promoção da criação cultural, do sentido crítico e do debate público, desde os últimos anos da ditadura e depois de Abril de 1974″.

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Foi professora no Liceu Camões, na Escola Secundária da Cidade Universitária e no Gil Vicente, ativista e dirigente sindical, publicou livros pedagógicos e contribuiu para a reflexão sobre a educação, tradutora de peças teatrais, atriz, dramaturga e encenadora, tendo colaborado com alguns dos grupos e companhias que determinaram caminhos do novo teatro em Portugal.

Participou em jornais e revistas (na década de 1970, Crítica, com Jorge Silva Melo e outros; na década de 1980 e 1990, Combate, com João Martins Pereira, Jorge Silva Melo e outros); escreveu ficção sobre o entusiasmo e a desilusão nos anos da viragem democrática (como “Retrato dum Amigo Enquanto Falo”, 1979; “Pouco Tempo Depois (As Tentações)”, 1984, “As Histórias Não Têm Fim”, 1997); analisou a evolução da cultura em Portugal (“Títulos, Ações, Obrigações: A Cultura em Portugal, 1974 -1994”, 1994); divulgou o trabalho de fotografia de Tina Modotti; e fez a sua própria pintura.

“Interessada por todas as artes e, sobretudo, pelo movimento social que em torno da expressão cultural se poderia desenvolver, impulsionou iniciativas coletivas que foram marcantes na vida da sua cidade, como o espaço de evocação e de atualização de lutas sociais no ‘Abril em Maio’ ou, a partir de 2009, a Casa da Achada, onde reuniu o espólio de Mário Dionísio e se passaram a realizar múltiplas atividades inspiradas nos contributos daquela geração para a vida pública nacional”, refere ainda.