De um lado, a possibilidade de conquistar o primeiro troféu internacional. Do outro, a possibilidade de conquistar um troféu inédito e o primeiro desde 2012. Croácia e Espanha defrontavam-se em Roterdão, na final da Liga das Nações, e a vitória era crucial para o projeto de duas seleções que estão a reinventar-se entre o fim de uma geração e o início da seguinte.

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Os croatas eliminaram os Países Baixos na meia-final, garantindo o apuramento para a final já no prolongamento, e tinham uma nova oportunidade de se juntarem aos países vencedores de títulos depois da derrota com França no Mundial 2018. “Conhecemos muito bem Espanha. Gostam de ter posse de bola, têm grandes individualidades e um estilo muito técnico, são muito rápidos. Uma equipa de topo. Jogámos contra eles em Copenhaga no Euro 2020, onde perdemos no prolongamento. Mas temos qualidade para jogar contra eles”, defendeu Zlatko Dalic na antevisão, recordando a partida dos oitavos de final do último Europeu.

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Já os espanhóis afastaram Itália na meia-final, garantindo o apuramento para a final com um golo decisivo de Joselu na ponta final do encontro, e tinham a oportunidade de regressar à conquista de títulos depois de um jejum de mais de uma década na sequência do Euro 2008, do Mundial 2010 e do Euro 2012. “São duas grandes equipas e a final será muito equilibrada, são duas das melhores equipas da Europa. Vamos tentar usar os nossos pontos-fortes e aproveitar as nossas virtudes. Esse é o nosso principal objetivo, ser superiores a um rival muito bom. Abordámos todos os cenários possíveis e queremos ganhar em 90 minutos, se conseguirmos. Eles têm mais experiência em prolongamentos, mas o futebol é assim. A experiência conta, nas finais”, indicou Luis de la Fuente, o selecionador espanhol, que podia ser o responsável por vingar a derrota espanhola com França na final de 2021.

Dalic fazia uma única alteração em relação à meia-final com os neerlandeses, trocando Vida por Erlic ao lado de Sutalo no centro da defesa — e mantendo o trio Modric-Kovacic-Brozovic no meio-campo, com Petar Musa a ser novamente suplente. Do outro lado, De la Fuente lançava Fabián Ruiz junto a Rodri no setor intermédio, em detrimento de Merino, e optava por Asensio e não Rodrigo no apoio a Morata, prolongando a aposta em Yeremy Pino e Gavi.

Gavi teve mesmo a primeira oportunidade do jogo, ao rematar rasteiro e ligeiramente ao lado depois de uma perda de bola em zona proibida por parte da Croácia (12′). Kramaric respondeu pouco depois, ao surgir isolado na cara de Unai Simón na sequência de um passe em profundidade, mas Laporte foi crucial na hora de intercetar o remate do avançado do Hoffenheim (23′). Os croatas ainda tiveram outra ocasião perigosa, com Perisic a cabecear para uma defesa atenta de Simón (30′), mas a final chegou mesmo ao intervalo ainda empatada sem golos.

A seleção da Croácia construiu a primeira oportunidade do segundo tempo, com Juranovic a atirar torto na grande área (49′), e Espanha ficou muito perto de abrir o marcador com um cabeceamento de Asensio que passou ligeiramente por cima da trave (56′). Zlatko Dalic foi o primeiro a mexer, trocando Pasalic por Petkovic à passagem da hora de jogo, e De la Fuente respondeu ao lançar Ansu Fati e Joselu para os lugares de Pino e Morata.

O encontro permanecia a um ritmo médio-baixo, com os espanhóis a demonstrarem algum ascendente em termos de posse de bola mas as situações mais perigosas a pertencerem aos croatas, e já pouco aconteceu até que o prolongamento fosse uma inevitabilidade — à exceção de uma situação de Ansu Fati, na grande área, onde Perisic evitou o golo praticamente em cima da linha (84′).

A meia-hora extra não trouxe nada de novo, com os espanhóis a perderem algum do fôlego que tinham demonstrado na reta final do tempo regulamentar e os croatas a resistirem à aparente maior clarividência do adversário no último terço. Ainda assim, ninguém marcou — e a final da Liga das Nações seguiu mesmo para as grandes penalidades. Aí, Unai Simón defendeu os penáltis de Majer e Petkovic, Laporte acertou em cheio na trave quando podia carimbar a vitória e acabou por ser Dani Carvajal a tornar-se o herói espanhol ao converter o remate decisivo com muita classe.

Assim, Espanha venceu a Croácia nas grandes penalidades (0-0, 4-5) e voltou a conquistar um título internacional mais de 10 anos depois, mantendo os croatas sem qualquer troféu no palmarés e vingando-se da final perdida para França em 2021.