A perseguição religiosa piorou desde 2021 em muitos países da África subsaariana, incluindo Moçambique, Nigéria, República Democrática do Congo (RDCongo) e Sudão, sobretudo devido ao extremismo islâmico, refere um relatório sobre a liberdade religiosa no mundo esta quinta-feira divulgado.

África é hoje o ponto crítico do terrorismo mundial

Os acontecimentos em África durante o período em análise foram ensombrados por uma explosão de violência infligida a populações militares e civis na África subsaariana por grupos ‘jihadistas’ locais e transnacionais, que perseguem sistematicamente todos aqueles que não aceitam a ideologia islamista extrema“, denuncia a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

A instituição cita um estudo de 2023 do Centro Africano de Estudos Estratégicos, que mostra, por exemplo, que a violência perpetrada por militantes islamistas no Sahel e na Somália “representou 77% do total de eventos violentos relatados em toda a África em 2022“.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Para o relatório, produzido de dois em dois anos, foi feita a análise de 196 países e a conclusão é que “em 28 há perseguição e 13 destes situam-se em África, onde em muitas regiões a situação se deteriorou fortemente”.

A perseguição, crimes de ódio e violência desencadeados por motivos religiosos aumentou com o florescimento da radicalização e do extremismo violento na África subsaariana, aponta o relatório de 2023 da fundação, que explica que grupos como o autoproclamado Estado Islâmico e a Al-Qaida, “não criam novas divisões, mas exploram e aprofundam as já existentes”.

“A violência islamista está presente em toda a África, mas os principais teatros de atividade estão concentrados no Sahel, na bacia do Lago Chade, na Somália e em Moçambique”, lê-se no documento.

Além de Moçambique, a RDCongo, o Burkina Faso, os Camarões, o Chade, o Níger e o Sudão são alguns dos países da região onde a liberdade religiosa piorou no período em análise, segundo o relatório.

A instituição destaca a “situação dramática que se vive na Nigéria ao nível dos direitos humanos e muito concretamente no que respeita à perseguição religiosa à comunidade cristã”.

O caso da Nigéria está, aliás, em foco na apresentação hoje, na Assembleia da República, do Relatório de 2023 da Fundação AIS sobre a Liberdade Religiosa no Mundo.