Produzir baterias pode ser uma indústria com um impacto muito negativo para o ambiente, mas esta situação, que efectivamente é uma realidade em determinados países, pode ser muito menos agressiva se as fábricas e as minas que extraem o minério necessário à produção dos acumuladores assumirem uma postura mais responsável. Daí que, para disciplinar a indústria, cada bateria vai passar a exibir um passaporte onde são averbadas as emissões de poluentes associadas à sua produção, o que irá depender dos métodos de extracção e produção.

A implementação dos passaportes de baterias foi decidida após uma prolongada discussão entre 120 empresas deste sector. O sistema será baseado em blockchains – controlado através da Mobility Open Blockchain (MOBI) –, que determinam ao pormenor a origem de cada matéria-prima utilizada na sua fabricação, bem como a forma como foram extraídas e processadas, avaliando igualmente a poluição emitida na produção das células e depois dos packs, que também variam bastante entre os diferentes países e fabricantes.

Tudo indica que os fabricantes de baterias chineses figurarão entre os mais penalizados por este passaporte, eles que têm conquistado mercado – até entre os construtores de automóveis ocidentais – devido aos baixos custos de produção. A introdução do passaporte irá dar origem a impostos especiais, destinados a penalizar os desrespeitos pelo ambiente, sobrecarregando as células que mais poluem na sua fabricação.

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Entre as 120 empresas que se aliaram para definir o regulamento que preside ao passaporte, há uma série de construtores de automóveis, da Honda, Nissan e Mazda, além da Ford, BMW, grupo Stellantis e General Motors. Outras empresas irão juntar-se a este grupo, sobretudo porque a União Europeia já anunciou que, a partir de 2026, serão obrigatórios os passaportes digitais das baterias.

Além da Mobility Open Blockchain, criada por este grupo de 120 companhias, a Volkswagen e a Siemens já tinham dado o pontapé de saída em busca de uma standardização deste sector, criando a Catena-X. E se a Europa já anunciou a sua estratégia, os EUA e a Índia estão a considerar adoptar regulamentação similar.