O cenário era sombrio. Quando, em julho de 2016, a norte-americana Heather Delaney deu à luz, já sabia que as filhas, gémeas siamesas, teriam um grande desafio pela frente: o de lutar pela vida. Abby e Erin nasceram com apenas 30 semanas de gestação, unidas pelo crânio e com apenas 2% de hipóteses de sobreviverem a uma cirurgia de separação. No entanto, quase sete anos depois, estão vivas e já concluíram o ensino pré-escolar , conta a revista People.

Desde a 11ª semana de gravidez que Heather Delaney sabia que o quadro clínico era complexo. Os dois bebés estavam unidos pelo crânio e teriam, depois de nascerem, de ser submetidos a uma cirurgia de separação. Os riscos da operação eram, tal como é habitual nestes casos, elevados. Em junho de 2017, quase um ano depois do parto, e depois de meses de internamento das bebés numa unidade de cuidados intensivos, a cirurgia, que durou 11 horas, realizou-se no Hospital Pediátrico de Filadélfia — uma unidade hospitalar que não tinha sequer experiência com operações semelhantes.

Ao fim de nove cirurgias e 33 horas em blocos operatórios, gémeos siameses estão finalmente separados

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A separação foi bem sucedida e as gémeas receberam alta cinco meses depois. O desenvolvimento tem sido, no entanto, mais lento em comparação com as outras crianças. Erin só aprendeu a andar aos cinco anos e Abby só o está a fazer agora. Apesar das limitações, e com quase sete anos, as gémeas concluíram agora o ensino pré-escolar e participaram até na festa de fim de ano. “Sim, elas têm limitações e coisas que estão a resolver”, sublinha a mãe, referindo que ver as filhas a concluírem o primeiro nível de ensino é “como se estivesse a sonhar”. “O céu é o limite para elas”, perspetiva Heather, que vive em Statesville, no estado da Carolina do Norte.

Gémeas com os pais, Heather e Ryley Delaney

O nascimento de gémeos é raro e de gémeos siameses substancialmente mais incomum (apenas um em cada 60 mil nascimentos). E apenas 5% dos casos de siameses são craniópagos (unidos pelo crânio). O prognóstico é mau: 40% dos bebés nascem já sem vida e 33% morrem no período perinatal, até uma semana depois do nascimento.