O primeiro-ministro desvaloriza mais uma saída do Governo, a 13ª no espaço de 15 meses, e diz que não é isso “que preocupa as pessoas”. Para fintar a pergunta feita pelos jornalistas à margem da reunião informal do Conselho de Ministros em Sintra, António Costa recorreu ainda à habitual frase do “deixemos a Justiça funcionar”, numa curtíssima resposta à situação que envolve Marco Capitão Ferreira, o secretário de Estado da Defesa que saiu suspeito de corrupção e participação económica em negócio por atos anteriores às funções governativas.

Foi questionado várias vezes sobre a saída de Capitão Ferreira, mas Costa nunca falou do tema, nem da sua substituição na Defesa, nem mesmo da necessidade de um refrescamento do Governo depois de um ano tumultuoso da maioria socialista. Em resposta a estas perguntas, o primeiro-ministro atirou: “Sem querer diminuir o que preocupa muitos comentadores, eu sinceramente o que sinto que preocupa as pessoas são temas bastante diferentes. Ando na rua e oiço o que as pessoas dizem e tem muito pouco a ver com esses assuntos.”

Ex-secretário de Estado Marco Capitão Ferreira é a 13.ª saída em 15 meses de Governo de António Costa

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Ao desgaste que o Governo estará a sentir e num momento em que faz o balanço, na tal reunião informal, o primeiro-ministro voltou a responder novamente ao lado: “Dedico-me pouco à análise política e mais a fazer o que me compete que é governar”, disse António Costa. “A função do Governo é governar a pensar nas pessoas e o que as preocupa é o impacto da inflação e se vamos continuar a reduzi-la, se vamos prosseguir uma política de melhoria de rendimentos, os desafios que o reforço do SNS coloca”, acrescentou mesmo em declarações aos jornalistas.

A reunião de Sintra, no Palácio de Monserrate, serve também para analisar “o caminho que foi percorrido, o que há a fazer, corrigir e acelerar o que correu bem e temos de continuar a melhorar”, segundo António Costa que ainda tentou contrariar a ideia de uma economia apenas sustentada no Turismo. “No conjunto das exportações, a exportação de bens ultrapassa a exportação de serviços e a de outros serviços ultrapassa o que representa o turismo nas exportações. Convém não nos iludirmos e achar que é só turismo“, argumenta.

Para Costa existe uma “mudança estrutural que está a acontecer na economia” e por isso “é preciso manter a estabilidade das políticas porque é com isso que se continuará a manter este círculo virtuoso”.