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É uma decisão que o próprio presidente norte-americano considerou ser “difícil”. Os EUA confirmaram esta sexta-feira que vão enviar ao Exército ucraniano bombas de fragmentação, ainda que de forma “transitória”. Estas bombas serão enviadas no âmbito de um novo pacote de ajuda militar norte-americano, no valor de 800 milhões de euros.

Depois de alguma hesitação, os EUA acabaram por aceder aos pedidos da Ucrânia para receber este tipo de armas.“Foi uma decisão muito difícil da minha parte. E atenção, discuti isto com os nossos aliados e com os nossos amigos no Capitólio”, afirmou Joe Biden, em entrevista à CNN.

O que são as afinal bombas de fragmentação?

São latas que contêm dezenas ou até centenas de bombas de pequena dimensão. Estas bombas podem ser lançadas a partir de aviões, a partir de mísseis ou de outro tipo de artilharia, armas navais ou lançadores de foguetes, detalha a CNN.

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Segundo a organização Handicap International, mais de 100 mil pessoas morreram ou ficaram mutiladas na explosão deste tipo de bombas desde 1965: 98% terão sido civis e, entre eles, mais de um quarto crianças.

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Qual o alcance das bombas de fragmentação?

As latas são acionadas à distância e contêm um temporizador, de forma a explodirem mais perto do chão e poderem causar mais destruição nos alvos pretendidos. As bombas de fragmentação que os EUA vão fornecer à Ucrânia têm 88 bombas cada uma e podem cobrir uma vasta área de território: cada uma tem um alcance de 10 metros, o que significa que uma única bomba de fragmentação pode cobrir uma área de 30 mil metros quadrados.

Tanto a Ucrânia como a Rússia já usaram bombas de fragmentação na guerra, que começou a 24 de fevereiro de 2022, segundo a organização não governamental Human Rights Watch. O primeiro país a fornecer este tipo de armas à Ucrânia terá sido a Turquia, no final do ano passado, embora Ancara nunca tenha confirmado o envio.

Quais os perigos das bombas de fragmentação?

Os perigos estão, sobretudo relacionados, com a extensão do alcance destas armas. As bombas de fragmentação são pouco precisas e podem cobrir milhares de quilómetros de território, o que aumenta a probabilidade de poderem atingir zonas civis (e não apenas alvos militares), provocando danos colaterais indesejados.

De acordo com o Comité Internacional da Cruz Vermelha, 10% a 40% das munições falham e não são detonadas, o que faz com que, depois de as atividades militares cessarem, a população civil possa, de forma acidental, acabar por acioná-las.

Atualmente, mais de 70 países possuem bombas de fragmentação, segundo a Human Rights Watch. No entanto, apenas 15 já as usaram, em conflitos como a Guerra do Vietname, do Iraque ou do Afeganistão. No entanto, a maioria dos países (mais de 120) assinou uma convenção, em 2008, que proíbe o uso, produção, transferência ou armazenamento de bombas de fragmentação. Os Estados Unidos, Rússia e a Ucrânia estão entre os países que não assinaram essa convenção.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, mostrou-se já preocupado com o “uso contínuo de munições de fragmentação” na Ucrânia. Já no ano passado, o vice-presidente do Comité Internacional da Cruz Vermelha, Gilles Carbonnier, deixara um aviso: “As munições de fragmentação continuam a ser uma das armas mais traiçoeiras do mundo. Matam e mutilam indiscriminadamente e causam sofrimento humano generalizado.”