A comissão parlamentar de inquérito que investiga os ataques às sedes dos três poderes na capital brasileira, Brasília, aprovou hoje quebras dos sigilos bancários, fiscal e de telecomunicações de pessoas e empresas que são alvos da investigação.

De acordo com a Agência Brasil, atingem o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques, e George Washington de Oliveira Sousa, condenado a nove anos e quatro meses de prisão pela tentativa de atentado à bomba próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília, em dezembro 2022, estão entre os pedidos aprovados por esta comissão parlamentar.

Não dá para continuarmos os trabalhos da CPMI [Comissão Parlamentar Mista de Inquérito] sem a quebra desses sigilos. Por isso estamos pedindo a quebra, por exemplo, do George Washington, que veio aqui e não falou nada”, afirmou a relatora da comissão, senadora Eliziane Gama.

“E estamos pedindo a quebra [dos dados] do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, que claramente (…) mentiu nesta comissão”, detalhou.

A comissão parlamentar já interrogou mais de uma dezena de pessoas, todas alinhadas com o bolsonarismo, e hoje tentou recolher o depoimento de Mauro Cid, considerado peça-chave no alegado plano, mas que manteve o silêncio hoje perante a comissão.

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Em causa estão mensagens intercetadas pela polícia no telemóvel do tenente-coronel Mauro Cid, antigo apoiante de Bolsonaro e detido por alegada fraude com vacinas contra a covid-19, sobre a possibilidade de o Governo declarar estado de sítio com o argumento de fazer frente a “uma ordem constitucional desvirtuada pelos tribunais supremos” durante as eleições de outubro ganhas por Lula da Silva.

Uma das mensagens encontradas no telemóvel de Cid parece ser uma espécie de projeto de decreto que invocaria uma intervenção militar, e no qual se lê: “Para assegurar o necessário restabelecimento do Estado Democrático de Direito” e “com base em disposições expressas da Constituição, declara-se o estado de sítio”.

Documentos semelhantes já tinham sido encontrados na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, também apoiante de Bolsonaro e que se encontra em prisão domiciliária pelo seu alegado envolvimento na conspiração que levou aos acontecimentos de 08 de janeiro, quando centenas de apoiantes de Bolsonaro atacaram os três poderes.

Mauro Cid está detido desde 03 de maio, acusado de fraude com cartões de vacinação, sendo investigado em oito inquéritos, incluindo uma possível participação no estímulo dos ataques aos edifícios públicos em Brasília.