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A Turquia deu esta segunda-feira luz verde à entrada da Suécia na NATO. “Um passo histórico”, disse Jens Stoltenberg, secretário-geral da Aliança Atlântica, em conferência de imprensa, depois da reunião entre Turquia, Suécia e NATO. Mas esta cedência da Turquia, que sempre mostrou resistência à entrada da Suécia, não surge sem o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, garantir que também pode ganhar alguma coisa. No fundo, a entrada da Suécia na NATO aparece como uma moeda de troca para Ancara conseguir a entrada da Turquia na União Europeia, pretensão ambicionada desde 2005, ano em que foi apresentada a candidatura. Mas a Rússia já avisou: a Turquia está a tomar “decisões provocadoras”. “Os eventos das últimas semanas, infelizmente, demonstram claramente que a Turquia está gradualmente a passar de um país neutro para um país hostil”, adiantou fonte ligada à defesa russa à agência TASS.

Erdogan dá “luz verde” à entrada da Suécia na NATO e Estocolmo vai “apoiar ativamente esforços para revigorar processo de adesão da Turquia à UE”

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Durante a conferência de imprensa que aconteceu na tarde desta segunda-feira, Jens Stoltenberg explicou que a Suécia aceitou ajudar a Turquia no caminho para a entrada na União Europeia. E, questionado sobre as consequências dessa adesão, o secretário-geral da NATO disse apenas que “esse não é um problema para a NATO, é um problema para a União Europeia”. “O que a Suécia concordou hoje [esta segunda-feira], como membro da União Europeia, foi apoiar ativamente os esforços para fortalecer o processo de adesão da Turquia à União Europeia”, acrescentou.

“Desde a última cimeira da NATO, em Madrid, a Suécia e a Turquia trabalharam em estreita cooperação para abordar as legítimas preocupações de segurança da Turquia. Como parte desse processo, a Suécia alterou a sua constituição, alterou as suas leis, alargou significativamente a sua cooperação antiterrorismo e retomou as exportações de armas para a Turquia”, explicou ainda.

Já o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, falou, também esta segunda-feira, numa”sensação muito positiva”. “É o nosso objetivo há muito tempo. Acredito que tivemos uma boa resposta e demos um enorme passo para a adesão” à NATO, confidenciou.

Ainda antes da reunião, do lado da Turquia, Erdogan já tinha deixado o aviso e fora bem claro: “Apelo aos que mantiveram a Turquia à espera, à porta da União Europeia, durante mais de 50 anos, que preparem o caminho para a Turquia e nós preparamos o caminho para a Suécia”.

A Turquia espera, de facto, há mais de 50 anos, pelo momento em que receba autorização para fazer parte da União Europeia. Apesar de ter sido só em 2005 que a candidatura começou a ganhar alguma esperança, com o início de negociações, este país apresentou a primeira candidatura à CEE ( Comunidade Económica Europeia) em 1959. Depois renovou-a em 1987. E, mesmo com estas duas primeiras candidaturas, nunca chegou a ser considerado como candidato formal — isso só aconteceu em 1999. O processo tem sido muito lento e, em 2016, as negociações pararam.

A possibilidade da entrada da Turquia na União Europeia, como troca para a entrada da Suécia na NATO, foi, aliás, uma questão afastada por vários líderes que participam na cimeira da NATO, que começa esta terça-feira. Um dos líderes que negou comentar essa hipótese foi precisamente António Costa, considerando os temas “diversos”. “É natural que cada país procure defender os seus interesses de acordo com aquilo que são as melhores condições que se apresentam em cada momento”, disse o primeiro-ministro, na véspera da cimeira, já na Lituânia.

Tal como António Costa, também o chanceler alemão, Olaf Scholz, disse que as duas questões não estavam relacionadas. Em Berlim, Scholz declarou que a “Suécia reúne todos os requisitos de adesão à NATO” e que a adesão da Turquia à UE não tem qualquer ligação com o assunto.

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“Momento histórico”. As reações à decisão da Turquia

Depois do anúncio da luz verde da Turquia para a entrada da Suécia na NATO, começaram a surgir as reações. Do lado do Reino Unido, Rishi Sunak disse que este é um “momento histórico”. “Suécia, estamos ansiosos por recebê-la na Aliança”, escreveu o primeiro-ministro britânico.

E o Presidente norte-americano também falou sobre o assunto, dizendo estar pronto para trabalhar com a Turquia e para receber a Suécia. “Estou ansioso por receber o primeiro-ministro Kristersson e a Suécia como nosso 32.º aliado da NATO”, acrescentou, em comunicado divulgado pela Casa Branca. Joe Biden quis ainda agradecer a Jens Stoltenberg “a firme liderança”.