O líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, afirmou esta sexta-feira que o seu partido “não pactua” nem vai “a beija-mão com ditaduras”, justificando assim a ausência na receção ao Presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, na Assembleia da República.

“A Iniciativa Liberal assumiu uma posição, que é uma posição que assume sempre que estão em causa cerimónias de receção de países que não são democracias. Cuba, para falarmos claramente, não é uma democracia”, afirmou Rui Rocha, que falava esta tarde na unidade industrial de Vila Real da Continental.

O partido decidiu não se fazer representar na receção ao Presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, na Assembleia da República, que decorreu esta sexta-feira à tarde.

“Depois dos irmãos Castro, temos Miguel Díaz-Canel como Presidente. Mais de 60 anos em que Cuba não teve oportunidade de realizar eleições justas e democráticas, portanto, não pode ser uma situação em que não tiveram tempo. Há mais de 60 que Cuba tem esta situação e nós não pactuamos com ditaduras e não vamos a beija-mão com ditaduras”, salientou.

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Rui Rocha disse estar “muito, muito confiante” de que esta “é a posição certa neste momento”.

Questionado pelo jornalistas sobre a intenção de contratar mais médicos cubanos, lembrou que a IL exerceu o direito potestativo para chamar o ministro da Saúde ao parlamento com a “urgência possível” para prestar esclarecimentos sobre este assunto.

“O que nós sabemos sobre este tipo de acordos que envolvem depois a vinda de médicos cubanos é que há várias organizações que apontam a possibilidade de estarmos perante trabalho forçado e violação de direitos fundamentais, nomeadamente o direito à liberdade de movimento e o direito à liberdade de expressão”, referiu.

Acrescentou: “Nós não podemos ter dúvidas sobre estes modelos de relação nomeadamente com o Estado cubano, com empresas públicas cubanas, que aparentemente são quem coloca, depois, estes médicos ao serviço de diversos países”.

Rui Rocha lembrou que Portugal já teve este modelo, “precisamente com Manuel Pizarro, em 2009, quando era secretário de Estado de José Sócrates”.

“Aparentemente há esta intenção de repetir esta relação e nós não podemos pactuar com isso, queremos saber qual é o modelo contratual. Se as pessoas vierem, se tiverem a sua remuneração normal, corrente, como é devida aos médicos portugueses e se há uma situação de necessidade absoluta do Serviço Nacional de Saúde (SNS), obviamente nós não temos nada contra o reforço do SNS”, afirmou.

Mas, frisou, “mas tem que ser feito com base em relações claras, transparentes e que respeitem os direitos humanos”.

“Não respeita os direitos humanos, por exemplo, pagar quatro quintos da remuneração a uma entidade e os médicos cubanos ficarem com um quinto dessa remuneração, o que é algo que aparentemente aconteceu no passado. Não queremos que isso se repita, não podemos admitir que se repita”, salientou.

Quanto à sua presença em Vila Real, Rui Rocha fez questão de destacar o “bom exemplo” da Continental, uma das principais especialistas e fabricantes mundiais de antenas para veículos e a quase totalidade da sua produção é exportada.

Com cerca de 550 funcionários esta é uma das maiores empregadoras privadas do distrito de Vila Real.

“Este é o caminho para Portugal, o caminho da inovação, o caminho da ciência, do investimento, em termos empresas mais produtivas e que, depois, possam também pagar melhores salários”, sublinhou Rui Rocha.