Água Akbal Pinheiro, líder da comunidade do Reino do Pineal, uma seita espiritual instalada desde 2020 no distrito de Coimbra, quebrou o silêncio sobre o caso da morte suspeita do filho, de pouco mais de um ano, em abril do ano passado. Numa entrevista concedida à TVI, Akbal Pinheiro garantiu que os membros da comunidade tentaram salvar o bebé e negou quaisquer ilegalidades.

O caso, que já chegou ao Ministério Público e corre no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Coimbra, diz respeito à morte da criança que, na altura do óbito, não tinha qualquer acompanhamento médico nem tinha sido registada junto do Estado português. Samsara, de apenas quatorze meses, acabou por ser cremado dentro da comunidade, com as cinzas a serem espalhadas no Rio Mondego.

Morte de bebé de um ano em seita espiritual de Coimbra investigada pelo Ministério Público

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Perante a polémica levantada com as notícias que vieram a público, o líder da comunidade abriu as portas da quinta onde os cerca de 100 membros do Reino do Pineal vivem e procurou oferecer a sua versão dos factos. “Ele adoeceu em meados de 2020. Procurámos ajuda médica junto de cuidadores particulares. Ele acabou por falecer enquanto tentávamos curá-lo” refere. Importa referir que a criança de 14 meses terá morrido em abril de 2022, logo, terá nascido em fevereiro de 2021, pelo que fica patente o lapso temporal na versão de Akbal Pinheiro.

Questionado sobre os motivos que levaram à morte do bebé, o líder da comunidade disse que tal se deveu a uma “doença do fígado”, mas recusou divulgar mais detalhes até a uma eventual investigação por parte das autoridades. “Na nossa opinião, é um assunto privado de família”, justificou.

Sobre o facto de o bebé não ter sido registado, Akbal Pinheiro explicou que todas as crianças nascidas no seio da comunidade “são registadas à nascença” — mas apenas sob os “serviços do Reino do Pineal” (comunidade que assumidamente tem como pretensão estabelecer-se como reino soberano e independente).

Água Akbal Pinheiro defendeu ainda o modo de vida dos residentes da comunidade, que se baseia num culto da natureza em detrimento dos progressos da vida moderna. “Temos direito à nossa autodeterminação e a praticar os nossos ritos e crenças espirituais dentro do nosso modo de vida, que inclui nascimentos e mortes”.

Ao mesmo tempo, o líder espiritual defendeu que a prática de partos naturais “não é nada de novo” em várias partes do mundo como África (de onde Akbal Pinheiro  é originário). “Tivemos quatro bebés nascidos nesta terra, com uma taxa de sucesso de partos naturais de 100%, sem intervenção médica e sem médicos” afirmou, acrescentando que, em todos os casos, foram utilizadas doulas e profissionais habituados a partos naturais.