O ex-Presidente dos Estados Unidos Donald Trump (2017-2021) deverá comparecer na quinta-feira perante uma juíza em Washington DC para a leitura da acusação, depois de lhe terem sido imputadas tentativas de alterar o resultado das eleições presidenciais de 2020.

Trump recebeu uma intimação para se apresentar perante a magistrada Moxila Upadhyaya às 16h locais (21h de Lisboa) no tribunal federal do distrito de Colúmbia, onde se situa a capital dos Estados Unidos.

Tal como nos outros dois processos criminais que enfrenta, não se espera que Trump seja detido e, como fez anteriormente, é possível que se declare inocente das acusações, uma vez que considera os processos contra ele abertos “uma caça às bruxas”.

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Na audiência de quinta-feira, a juíza ouvirá os argumentos dos procuradores do Ministério Público e da defesa e poderá em seguida estipular as condições para Trump permanecer em liberdade.

Upadhyaya, que foi nomeada pelo então Presidente democrata Barack Obama (2009-2017), tem presidido a várias ações judiciais relacionadas com o assalto ao Capitólio (sede do Congresso norte-americano), a 6 de janeiro de 2021, por apoiantes de Trump.

Neste tipo de comparência, normalmente recolhem-se as impressões digitais do arguido e tira-se-lhe uma foto policial, mas é provável que este último procedimento não se realize com Trump, dado que nas anteriores audiências de leitura da ata de acusação não foi captada qualquer imagem sua desse tipo.

No âmbito deste caso, Trump foi acusado de quatro crimes por alegada tentativa de alterar o resultado das eleições presidenciais de 2020 (que resultaram na sua derrota contra o candidato democrata, Joe Biden), que culminou no assalto ao Capitólio: conspiração para defraudar os Estados Unidos; conspiração para obstruir um procedimento oficial; obstrução e tentativa de obstrução de um procedimento oficial; e conspiração contra direitos civis.

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Esta acusação criminal vem juntar-se a outras que o ex-Presidente norte-americano tem enfrentado nos últimos meses.

Uma delas produziu-se em Nova Iorque, onde Trump foi acusado de 34 crimes por alegados pagamentos à atriz pornográfica Stormy Daniels, com quem teve um caso, para comprar o seu silêncio durante a campanha eleitoral para as presidenciais de 2016. Espera-se que o julgamento comece em março de 2024.

A outra é no Estado da Florida, onde o ex-chefe de Estado norte-americano foi acusado de 40 crimes por se ter apoderado ilegalmente e manter na sua mansão de Mar-a-Lago documentos confidenciais que retirou da Casa Branca. O julgamento tem início agendado para maio do próximo ano.

Na ação judicial em curso em Washington DC, desconhece-se ainda a data de início do julgamento, apesar de o procurador especial Jack Smith ter indicado na terça-feira que quer que o processo seja “rápido”.

Fiel ao seu estilo, Donald Trump divulgou esta quarta-feira na sua rede social, Truth (Verdade, numa tradução literal), uma mensagem de agradecimento aos seus seguidores pelo apoio que lhe têm demonstrado, totalmente escrita em maiúsculas: “OBRIGADA A TODOS!!! NUNCA TIVE TANTO APOIO EM ALGUMA COISA ANTES“.

Acrescentou que os crimes que lhe são imputados, anunciados na terça-feira, “despertaram” o mundo para o que considera ser “a corrupção, o escândalo e o fracasso que ocorreram nos últimos três anos nos Estados Unidos”.

OS EUA SÃO UMA NAÇÃO EM QUEDA, MAS FÁ-LA-EMOS GRANDE DE NOVO, MAIOR QUE NUNCA. ADORO-VOS A TODOS!!!”, escreveu Trump, que é candidato à nomeação republicana para as eleições presidenciais de 2024.

Apesar dos vários casos judiciais, uma sondagem divulgada pelo jornal The New York Times no final de julho apontou que Trump surge à frente, de forma destacada, dos restantes candidatos à nomeação republicana.

De acordo com a sondagem, Trump destaca-se como favorito com 54% das intenções de voto, face aos 17% do segundo classificado para as primárias republicanas, o governador da Florida, Ron DeSantis