O Banco Alimentar Contra a Fome estima que cerca de 15% das 38 toneladas de alimentos recolhidos durante a Jornada Mundial da Juventude possam estar impróprios para distribuição e sigam para compostagem, disse a presidente do organismo.

Em declarações à agência Lusa, Isabel Jonet destacou o sucesso da campanha contra o desperdício e de apelo à doação de alimentos por parte dos peregrinos da Jornada Mundial da Juventude, que decorreu entre 1 e 6 de agosto, salientando que nas edições anteriores o que sobrava ia para o lixo.

“Nunca imaginámos que fosse haver tantos produtos partilhados, nunca imaginámos. Mas isto também significa que esta campanha foi um sucesso”, destacou.

Isabel Jonet apontou que “nunca tinha sido feita, em nenhuma Jornada [Mundial da Juventude] uma campanha de luta contra o desperdício” e defendeu que o sucesso desta campanha consegue medir-se “pela quantidade de alimentos recuperados”, já que nos outros países o que se verificou foi “um monte de comida que ficou para trás”.

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“A quantidade de alimentos recuperados excedeu em muito aquilo que nós poderíamos prever”, apontou a presidente do Banco Alimentar, admitindo, no entanto, que pecaram por defeito no cálculo do número de caixas de partilha disponíveis para recolha dos alimentos e que poderiam ter sido quatro vezes mais.

Isabel Jonet adiantou que foram recolhidas 198 caixas, num total de 38 toneladas de bens alimentares, que estão agora a ser triados, uma vez que tem de ser feito o controlo de qualidade e de salubridade antes de serem distribuídos.

De acordo com a responsável, a recolha das caixas começou a ser feita logo no último dia da Jornada, no domingo à tarde, com recurso a duas empilhadoras e a ajuda de 20 pessoas, devendo o processo de triagem demorar mais uns dias até estar totalmente concluído.

No entanto, Isabel Jonet afirmou que as estimativas feitas pela instituição que dirige apontam para que cerca de 15% do total de alimentos recolhidos sejam encaminhados para compostagem por estarem impróprios para consumo.

“Ou porque a embalagem está mexida, aberta ou está rota. Por exemplos, há uns pães, os bagels, que são molinhos, que quando ficam por baixo [dos outros alimentos, na caixa] ficam todos amolgados e não se podem distribuir”, exemplificou.

Entre os alimentos recuperados, Isabel Jonet explicou que estão não só os bens doados para as caixas de partilha, mas também os que foram distribuídos aos voluntários que tiveram no encontro com o Papa Francisco no Passeio Marítimo de Algés e os kits para os peregrinos que não foram levantados.

Sobre o facto de os alimentos terem estado várias horas expostos ao sol no último dia da Jornada e de isso poder ter danificado alguns dos produtos, Jonet afirmou que “é uma falsa questão” e que a empresa que faz o controlo de salubridade garantiu que a maior parte dos produtos não sofre alterações com o calor. Segundo Isabel Jonet, a única exceção serão as barras de cereais que tinham uma base de chocolate e que com o calor terão derretido. “Nós fizemos o controlo de salubridade e eu tenho um certificado de controlo porque nós não podíamos correr o menor risco”.

Isabel Jonet disse ainda que no final da triagem, os bens recolhidos vão ser doados às instituições de solidariedade social que os vão entregar às famílias de Lisboa e Setúbal.