O Sevilha e as decisões europeias têm uma espécie de atração magnética. Mesmo com uma temporada para esquecer a nível interno em 2022/23, os andaluzes deram de frente com a oportunidade de vencer a Liga Europa diante da AS Roma de José Mourinho. Enquanto isso, o Manchester City conquistava a primeira Liga dos Campeões do palmarés (também diante de uma equipa italiana, o Inter) e somava mais um sucesso a uma época de conquistas.

No início da nova temporada, os vencedores dos dois mais importantes troféus europeus encontravam-se na Grécia, no Estádio Georgios Karaiskakis, para a Supertaça Europeia. Pode parecer surpreendente, mas o Sevilha avançava para a sétima presença na discussão deste título, ao contrário do Manchester City que se estreava na prova. Sabia-se à partida que, mesmo com este historial, os ingleses eram favoritos, algo que Pep Guardiola disse aceitar “com naturalidade”.

Bernardo Silva foi ausência na ficha de jogo do Manchester City, após ter saído com queixas musculares da jornada inaugural da Premier League. Rúben Dias foi suplente, mas também o central ainda se encontra a recuperar de problemas físicos. João Cancelo é uma carta fora do baralho dos citizens e parece estar cada vez mais próximo de deixar o clube. Apesar da ausência de portugueses nos dois onzes iniciais, o Sevilha, treinado por José Luis Mendilibar, continua a ter caras bem conhecidas. Acuña, Gudelj e Óliver Torres foram titulares nos espanhóis, ao passo que Jesús Corona se sentou no banco.

Ficha de Jogo

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Manchester City-Sevilha, 1-1 (5-4, após grandes penalidades)

Supertaça Europeia

Estádio Georgios Karaiskakis, na Grécia

Árbitro: François Letexier (França)

Manchester City: Ederson, Walker, Akanji, Gvardiol, Aké, Rodrigo, Kovacic, Foden, Palmer (Alvárez, 85′), Grealish e Haaland

Suplentes não utilizados: Ortega Moreno, Carson, Dias, Phillips, Stones, Laporte, Gomez, Perrone, Bobb, Lewis e McAtee

Treinador: Pep Guardiola

Sevilha: Bono, Navas (Montiel, 83′), Badé, Gudelj, Acuña, Jordán, Rakitic, Óliver Torres (Juanlu, 74′), Ocampos, Lamela (Suso, 90+3′) e En-Nesyri (Rafa Mir, 90+3′)

Suplentes não utilizados: Dmitrović, Gattoni, Pedrosa, Corona, Sow, Gómez, Kike Salas e Bueno

Treinador: José Luis Mendilibar

Golos: En-Nesyri (25′) e Palmer (63′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Badé (33′), Lamela (62′) e Juanlu (90′)

Gvardiol, defesa-central croata, recente contratação do Manchester City, foi utilizado pela primeira vez como titular. Surpreendentemente, por ter sido associado ao Al Hilal de Jorge Jesus, Bono ocupou a baliza do Sevilha. Também perto de rumar à Arábia Saudita, mas para reforçar o Al Nassr de Luís Castro e de Cristiano Ronaldo, Laporte sentou-se no banco de suplentes dos citizens.

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Há quem desvalorize o poder de uma pausa para hidratação, mas aquela que aconteceu aos 23 minutos da primeira parte foi valiosa. Não que os jogadores merecessem que o encontro parasse para beberem água, porque, até aí, o ritmo da partida não tinha sido suficientemente alto para uma pausa. Enquanto toda a gente estava agarrada às garrafas, En-Nesyri (35′) deve ter colocado molas nos pés. Mal o jogo reatou. Acuña cruzou e o avançado marroquino elevou-se no espaço entre Aké e Gvardiol, defesas da equipa inglesa mais descaídos sobre a esquerda, e fez o 1-0.

Não se sabe se Jack Grealish ainda se encontra de ressaca após os quatro dias seguidos em que esteve numa condição ébria a festejar o treble. Se sim, não se notou. As diagonais da esquerda para o centro, ora para testar Bono, ora para cruzar, eram as ações mais perigosas da equipa de Guardiola. Parecia um Manchester City com fadiga de vitória, sem fome de novas conquistas.

En-Nesyri subiu tanto no lance do golo que ficou com a cabeça na lua. No arranque da segunda parte, o homem mais adiantado do Sevilha falhou uma ocasião com a bola ao nível da relva. Após uma arrancada de Ocampos, a finalização não saiu tão bem ao jogador que inaugurou o resultado. Defendeu Ederson.

O desperdício custou o empate. Rodri aproximou-se do último terço e cruzou ao segundo poste. Cole Palmer (63′) apareceu na direita do ataque, onde vinha a atuar, e cabeceou para dentro da baliza. O jovem de 21 anos voltou a marcar, algo que tinha feito também na Supertaça Inglesa.

Sem que a teimosa igualdade se desfizesse, iam aparecendo cãibras nos jogadores mais experientes daquelas que, no início da época, se justificam com a falta de ritmo, e que, se se fizessem sentir numa fase mais adiantada da temporada, por certo o argumento usado era o do desgaste. Para sorte dos queixosos, a partida não teve prolongamento e foi diretamente para as grandes penalidades. Nemanja Gudelj, antigo jogador do Sporting, foi o único a falhar. Com o remate à barra do sérvio, o Manchester City acabou por conquistar a primeira Supertaça Europeia do seu palmarés.