Elena Kostyuchenko, uma jornalista russa exilada e crítica da invasão da Ucrânia, sentiu-se mal num comboio em Munique e afirmou esta semana ter sido informada que haveria planos russos para a assassinar. A situação levou as autoridades alemãs a investigar um possível envenenamento, segundo noticia o Guardian.

Esta terça-feira, Kostyuchenko afirmou ter sido informada por uma fonte militar ucraniana em março passado que haveria planos para a acabar com a sua vida. A jornalista publicou a informação num meio de língua russa, Meduza, e na publicação n+1, que é norte-americana, com o título “Como eles tentaram matar-me” (“How they tried to kill me”). Na altura fugiu para Berlim, uma vez que Kostyuchenko estava a trabalhar para um jornal independente, que entretanto fechou, perto de Mariupol, na Ucrânia, relata o jornal britânico.

No artigo da n+1, a autora descreve a viagem de comboio na Alemanha quando se sentiu mal e os meses de acompanhamento médico que se seguiram, com várias tentativas de descobrir o que lhe tinha provocado os sintomas. Quando, eventualmente um médico lhe diagnosticou um envenenamento, a polícia de Berlim foi ao apartamento da jornalista para procurar indícios de radiação no espaço e nas suas roupas. Um detetive que tinha investigado a morte de um comandante checheno interrogou Elena Kostyuchenko, que acredita que um livro que está a escrever sobre a história da Rússia esteja a pôr em risco a sua segurança, relata a CNN Internacional. No texto, relata também todo o seu trabalho na Ucrânia, em reportagem numa série de cidades.

Em outubro de 2022, a jornalista foi a Munique pedir um visto ucraniano para continuar a trabalhar como jornalista para a Meduza e, no comboio de regresso a Berlim sentiu sintomas de envenenamento, como fortes dores de cabeça, fraqueza, falta de ar e náuseas e, mais tarde, inchaço do rosto e dos dedos das mãos e dos pés. Exames médicos realizados 10 dias depois, quando diz que conseguiu consulta no médico, deram conta da presença de enzimas no fígado em número cinco vezes superior ao normal e também de sangue na urina.

Já tinha sido aberta uma investigação à tentativa de envenenamento da jovem russa, mas foi encerrada em maio por falta de provas e seria depois reaberta em julho. Segundo confirmou a procuradoria de Berlim, as autoridades estão novamente a investigar um possível ataque por envenenamento dado que há “novas considerações” e não novas provas. “Estamos a confirmar se uma análise a objetos que rodeavam a pessoa afetada podem ainda ser oportunos nesta altura”, adiantou fonte da procuradoria citada pelo Guardian.

Kostyuchenko já ganhou vários prémios de jornalismo, nomeadamente o European Press Price e destacou-se pela cobertura do massacre de Zhanaozen, na cidade no Kazakhstan. O Comité para a Proteção de Jornalistas, uma ONG em Nova Iorque, pediu transparência às autoridades alemãs na investigação às alegações da jornalista e alertou também as autoridades da Georgia que investiguem alegações de tentativa de envenenamento à jornalista russa de rádio Irina Babloyan.

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