Um homem de 35 anos foi preso à chegada à cidade de Incheon, na Coreia do Sul, depois de percorrer de jet ski cerca de 300 quilómetros desde a província chinesa de Shandong. As autoridades sul-coreanas não revelaram a identidade do detido, que estaria munido de binóculos e uma bússola, mas grupos de direitos humanos na China revelaram que se trata do ativista Kwon Pyong.

A Guarda Costeira da Coreia do Sul indicou, segundo o The Guardian, que o homem foi detido na quarta-feira passada quando tentava entrar ilegalmente no país. Teria viajado através de jet ski pelo Mar Amarelo, trazendo apenas um colete salva-vidas, um capacete e vários barris de petróleo.

“Ele foi abastecendo o jet ski ao longo da viagem e largando os barris vazios no mar”, revelou em comunicado. As autoridades acrescentaram que o homem acabou por ficar preso em lamaçais perto de um terminal de cruzeiros no porto de Incheon, tendo de ser socorrido.

Apesar de a Guarda Costeira não ter identificado o homem, o ativista Lee Dae-seon, da organização Dialogue China, disse à AFP que se trata de Kwon Pyong. “Apesar dos métodos para entrar no país, que constituem uma violação da lei, serem errados, a vigilância das autoridades chinesas e a perseguição política de que Kwon é alvo desde 2016 estão por trás da sua decisão arriscada de fugir para a Coreia do Sul“, afirmou.

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Segundo Lee Dae-seon, o ativista está agora a ponderar a hipótese de se candidatar ao estatuto de refugiado na Coreia do Sul ou escolher um outro país.

Kwon, um opositor do governo e do Presidente chinês, foi detido em 2016 por “subversão do poder estatal” e “insultar as autoridades estatais e o sistema socialista”. Foi sentenciado a 18 meses de prisão num caso em que foram citadas publicações que fez nas redes sociais e mencionado o uso de roupas com frases críticas a Xi Jinping.

Segundo a organização de direitos humanos Frontline Defenders, o ativista acabou por ser libertado em março de 2018. O grupo refere que o Kwon é conhecido por participar em várias ações em apoio de advogados e ativistas alvo de repressão na China, tendo inclusivamente criticado o regime pelo papel no massacre da Praça de Tiananmen, em Pequim, a 4 de junho de 1989.