“Obrigado, pessoal! Hoje as perguntas não foram tão más, gostei!”. Foi assim, de sorriso na cara e com os dois polegares levantados, que Cristiano Ronaldo se despediu dos jornalistas que marcaram presença na conferência de imprensa diária da Seleção Nacional na Cidade do Futebol. Uma despedida alegre, com um tom irónico, mas carregada de boa disposição — e o maior espelho dos 10 minutos que o capitão português concedeu à comunicação social.

De forma natural, começou por ser questionado sobre os dois jogos que Portugal vai disputar nos próximos dias, contra Eslováquia e Luxemburgo e a contar para o apuramento para o próximo Campeonato do Mundo. “Queremos muito ganhar estes dois jogos. Se ganharmos os dois estamos praticamente apurados. São dois bons jogos e sabemos que são difíceis, principalmente o próximo com a Eslováquia. Os jogos fora, normalmente, são mais complicados. Mas a equipa está bem, estamos confiantes. O que vamos tentar é ganhar fora e depois em casa ganhar também ao Luxemburgo. Se ganharmos estamos praticamente qualificados”, atirou, dando como praticamente certa a presença no Europeu e afastando prognósticos sobre o Mundial 2026.

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“Vou ser muito sincero: hoje em dia, nos últimos dois anos, penso de forma diferente. Aconteceram coisas que me fizeram pensar que a vida tem de ser o momento. Já não consigo pensar a longo prazo. Tudo pode acontecer, acontece qualquer coisa e muda tudo. É desfrutar do momento, o momento é bom. Tenho de ambicionar ir ao Europeu e fazer um excelente Europeu. O resto, veremos. A vida é dinâmica e não se sabe o que pode acontecer. É ‘enjoy the moment’, explicou Ronaldo, que no próximo Campeonato do Mundo terá 41 anos.

O avançado português vive um bom momento no Al Nassr, com 12 golos em 11 jogos na atual temporada e acabado de carimbar o 850.º golo da carreira. “É um marco histórico. Para mim foi um orgulho alcançar esse número, nunca pensei que poderia alcançá-lo. Mas quero mais. Enquanto jogar, a fasquia tem de estar cá em cima, tenho de pensar em grande”, garantindo que a rivalidade com Lionel Messi já não é o motor que o motiva.

“A rivalidade já foi. Era boa, os espectadores gostavam. Quem gosta do Cristiano não tem de odiar o Messi. São os dois muito bons, mudaram a história do futebol. Somos respeitados em todo o mundo, que é o mais importante. Ele faz o caminho dele e eu faço o meu. E ele tem feito bem, pelo que tenho visto. É continuar, o legado continua… A rivalidade já não vejo assim. Até já disse que partilhámos o palco durante 15 anos e acabamos por ser, não digo amigos, mas colegas de profissão que se respeitam mutuamente”, acrescentou Cristiano Ronaldo.

Mais à frente, e tal como tem acontecido em praticamente todas as ocasiões em que surge perante a comunicação social, o capitão da Seleção Nacional foi confrontado com a perceção mundial sobre a Arábia Saudita — e os milhões que estão a ser investidos pelo país no futebol. “É normal que se critique, que liga é que não é criticada? Onde é que não existem problemas e controvérsia? Há em todo o lado. Em Espanha, em Portugal… Toda a gente pensava que eu era maluquinho, mas o maluquinho já não é tão maluquinho. Já é normal jogar na liga árabe. Como jogador do Al Nassr, sabia que isto ia acontecer. É um privilégio mudar a cultura de um país. Fui o pioneiro e sinto-me orgulhoso por isso. O que mais quero é que continue a evoluir, para que a liga seja de topo”, indicou o avançado, que atualmente partilha o balneário com Laporte, Otávio, Brozovic, Alex Telles e Mané.

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Por fim, e tal como tem acontecido com todos os jogadores que têm surgido nas conferências de imprensa da Seleção, Cristiano Ronaldo foi questionado sobre o atual momento do futebol português. “Não me surpreende, sinceramente. Polémica há em todos os campeonatos, mas em Portugal tem existido muita polémica. É mau. E as pessoas minimamente inteligentes sabem disso. Mas cada um puxa a brasa à sua sardinha. Está como tem de estar, não me surpreende. É uma fase menos boa, que espero que seja retificada. Sou português e isto preocupa-me, porque gostava de que a liga fosse top, mas não é e nunca vai ser. Nos próximos tempos não será top, como uma Premier [League], uma liga espanhola, uma liga alemã. Achava que podia entrar no top 4 ou 5, mas assim não acredito. Acho que a liga árabe é melhor do que a portuguesa. Acaba por ser um circo, o que tem acontecido nos últimos tempos”, terminou o jogador.