O calor intenso acompanhado por elevados níveis de humidade é uma constante no US Open. Desde 1988, o Grand Slam norte-americano foi responsável por mais de metade das 17 ocasiões em que pelo menos 10 tenistas desistiram de partidas devido às altas temperaturas. Em 1997, quando os termómetros subiram até aos 54 graus, os atletas tiveram receio de que as sapatilhas derretessem. E nada parece mudar.

Numa edição do US Open que tem sido particularmente afetada por problemas de saúde — vários tenistas têm manifestado tosse, espirros, febre e vómitos, num fenómeno que tem sido associado à nova vaga de Covid-19 nos Estados Unidos –, Daniil Medvedev foi o último a queixar-se do calor. O russo venceu o compatriota Andrey Rublev esta quarta-feira, apurando-se para as meias-finais da competição, mas não deixou de sublinhar as dificuldades que tinha sentido.

“Um dia alguém vai morrer. E aí eles vão ver”, atirou o tenista, que utilizou uma aparente bomba de asma durante várias paragens da partida dos quartos de final. “A questão é que acho que nem funcionou, porque não sei utilizá-la. Tenho mesmo dificuldade em respirar. Nem sequer estou a fazer piadas, como fiz há dois ou três dias. Vou continuar a usar a bomba”, acrescentou Medvedev.

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Os obstáculos provocados pela vaga de calor que está a afetar Nova Iorque também foram sublinhados por Taylor Fritz, norte-americano que foi eliminado por Novak Djokovic na terça-feira. “Eu nunca fico muito incomodado com o calor, mas aqui… Acho que é a humidade, está tão húmido que ficamos esgotados”, explicou o número 9 do ranking ATP. Também Ben Shelton, jovem norte-americano que afastou Frances Tiafoe e está nas meias-finais, destacou a dificuldade das condições meteorológicas — ele que é natural da Flórida, onde o calor e a humidade são algo habitual.

Febre, tosse, vómitos: os tenistas do US Open estão a ficar doentes. Mas porquê?

“Tinha o Frances Tiafoe do outro lado do court e este calor. Está muito húmido, muito quente. Durante grande parte do jogo tanto eu como ele estávamos a acabar pontos completamente cansados, a tentar recuperar o fôlego”, disse Shelton, que jogou com uma espécie de ar condicionado portátil colado ao tronco, debaixo da camisola. Outros tenistas têm recorrido às toalhas com gelo durante as paragens.

Por ser um problema habitual, o calor e a humidade já foram tema em diversas edições do US Open — com Rafa Nadal e Roger Federer, em vários anos, a queixarem-se da falta de circulação de ar no Arthur Ashe Stadium durante os jogos. A organização do Grand Slam norte-americano tem decidido abrir parcialmente a cobertura do court principal nos dias mais quentes, para deixar entrar ar, mas a verdade é que a decisão também não é consensual e muitos tenistas têm dito que não conseguem ver a bola com a luz de sol. “Metade do court estava à sombra e a outra metade estava ao sol. Houve bolas que nem vi, parecia que vinham a voar”, disse Jelena Ostapenko, que foi eliminada por Coco Gauff nos quartos de final.