Um candidato do Partido Comunista Português (PCP) às últimas eleições autárquicas (realizadas em 2021), vai a julgamento, acusado de um crime de coação e um outro de perseguição alegadamente cometidos contra o presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal, Pavlo Sadokha, avança o Correio da Manhã.

De acordo com o Ministério Público, Fernando Bulhões da Câmara — ex-militar e número dois da lista da coligação PCP/PEV à Câmara de Vila Franca do Campo, na ilha de São Miguel, Açores –, começou a enviar mensagens e a fazer chamadas ameaçadores a Pavlo Sadokha em abril de 2022, menos de dois meses depois do início da guerra na Ucrânia. As ameaças terão começado depois de Sadokha ter denunciado ao Serviço de Informações da República Portuguesa que algumas ONG (organizações não governamentais) com ligações à embaixada russa em Lisboa estavam a atuar em Portugal, fazendo-se passar por ONG ucranianas.

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No primeiro contacto entre os dois homens, Fernando Bulhões da Câmara, de 77 anos, ameaçou de morte o ucraniano. “O arguido disse a Pavlo Sadokha que devia parar com as mensagens de ódio contra os russos e abandonar de imediato Portugal e que se não o fizesse, iria matá-lo”, pode ler-se na acusação, que pede uma pena de até cinco anos de cadeia para o comunista, pena que deverá, por isso, ser suspensa na sua execução.

As chamadas e mensagens, algumas acompanhadas de fotos e vídeos violentos, prolongaram-se durante mais de cinco meses, até final de setembro do ano passado. No entanto, o homem, que é casado com uma mulher de nacionalidade russa e que já viveu em Moscovo, garantiu ao Correio da Manhã que não ameaçou Sadokha e que apenas contactou a Associação dos Ucranianos em Portugal. Fernando Bulhões da Câmara acusa o ucraniano de “desenvolver atividades criminosas em Portugal” e acredita que Sadokha será julgado por difundir ideologia nazi.

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