As empresas portuguesas admitem dificuldades em reter talento, com 52% das organizações a darem conta deste problema, de acordo com um estudo realizado pela Mercer e divulgado esta quarta-feira.

“Apesar de os últimos anos terem sido marcados pelo decréscimo do ‘turnover’ [rotatividade] voluntário — que passou de 10%, em 2019, para 5,6%, em 2020, diminuindo posteriormente para 5% —, em 2023 o panorama inverteu-se”, destacou, acrescentando que “52% das organizações reconhecem dificuldades na retenção de talento”, com a percentagem de trabalhadores que saíram voluntariamente atingir, em média, 10,6%.

Segundo a consultora, “as organizações antecipam uma evolução positiva na esfera da compensação, sendo que os aumentos salariais previstos para 2023/2024 rondam, em média, os 4,2% (superiores ao observado em 2022)”. Ainda assim, “a percentagem mantém-se abaixo da inflação projetada”, indicou.

Marta Dias, ‘Rewards Leader’ da Mercer Portugal, afirmou, citada na mesma nota, que “apesar de se verificar um aumento, os incrementos salariais previstos mantêm-se abaixo da inflação projetada, dificultando a recuperação do poder de compra dos colaboradores”. “Do que foi possível analisar, as organizações mantêm-se atentas à evolução da inflação, mas este contexto continuará a ser um desafio para as empresas e colaboradores em Portugal”, adiantou.

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Por outro lado, sobre as intenções de contratação, os dados do estudo apontam alguma cautela por parte das organizações. “O Total Compensation 2023 apresenta um cenário no qual 35% das organizações confirmam a intenção de aumentar” a sua força de trabalho ainda este ano, “mas apenas 27% admitem, para já, manter esse crescimento em 2024″, disse afirma Tiago Borges, Career Business Leader da Mercer Portugal.

Segundo o estudo da Mercer, o salário base anual de um jovem recém-licenciado no seu primeiro emprego é, em média, 18.457 euros.

A consultora indicou ainda que o estudo revela que “a maioria das organizações (82%) realiza uma revisão salarial anual”, e que o “desempenho individual continua a ser o principal fator que influencia a atribuição de incrementos salariais, sendo mencionado por 95% das empresas”.

Verifica-se também que “87% das organizações atribuem formas de remuneração variável à totalidade ou a uma parte dos seus colaboradores”.

O estudo “Total Compensation Portugal” inclui este ano dados de 570 empresas e quase 200.000 postos de trabalho. A lista de organizações participantes é maioritariamente constituída por organizações internacionais (cerca de 64%), sendo as restantes nacionais (cerca de 36%), de diversos setores, segundo a Mercer.