Falava 30 segundos e era aplaudido. Depois de encontros tensos nos Estados Unidos, o cenário não podia ter sido mais diferente no Canadá. O Presidente da Ucrânia esteve esta sexta-feira no parlamento canadiano, onde foi recebido pelo primeiro-ministro do país, Justin Trudeau. Perante os membros da Câmara dos Comuns, Volodymyr Zelensky insistiu que a Rússia tem de perder a guerra de “vez” para não haver “mais nenhum genocídio” em território ucraniano.

A receção calorosa no Canadá, que se tem mantido ao lado da Ucrânia desde o início da invasão, não foi a única boa notícia para Volodymyr Zelensky. O primeiro-ministro canadiano anunciou mais apoio militar a Kiev no valor de 650 milhões de dólares canadianos (cerca de 452 milhões de euros). Este pacote de ajuda, que terá um prazo de validade de três anos, incluirá a entrega a Kiev de cerca de 50 veículos blindados e a formação de pilotos ucranianos em aviões de combate F-16.

Durante o discurso no parlamento, Volodymyr Zelensky começou por lembrar o Holomodor (a grande fome causada por Estaline nos anos 30), o que Kiev (e também Otava) consideram como um genocídio. Esta prática, vincou o Presidente ucraniano, voltou a ser uma realidade para os ucranianos, desta vez levado a cabo por  Vladimir Putin. “Genocídio é o que os ocupantes estão a fazer na Ucrânia”, afirmou o líder da Ucrânia, lembrando o que aconteceu em Mariupol e Bakhmut.

“Não deve ficar impune. A vida e a justiça devem prevalecer”, referiu Volodymyr Zelensky, que considera que Moscovo “deve perder a guerra de vez e para sempre” para que não cometa mais nenhum genocídio em território ucraniano.

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O Presidente da Ucrânia deixou igualmente rasgados elogios ao Canadá, agradecendo o apoio canadiano e que também o país tenha escolhido o “lado certo da história”. Alertando para a chantagem nuclear russa, Volodymyr Zelensky assinalou que, perante esta realidade, não pode haver nenhuma “falsa neutralidade”, que é uma correspondência à “imoralidade”.

O desfecho da guerra da Ucrânia também tem de mostrar a outros agressores que uma invasão não vale a pena: “Temos de mostrar aos agressores o quão forte a justiça é”. “O povo será o vencedor, não o Kremlin. A liberdade será a vencedora. A justiça será vencedora”, sinalizou Volodymyr Zelensky, que apelou a uma “vitória conjunta com o Canadá” para construir um “legado do bem”.

Trudeau ataca Putin: “Governa com base no engano, violência e repressão”

Por sua vez, Justin Trudeau criticou duramente a invasão da Rússia à Ucrânia, que foi um ataque à “ordem baseada em leis internacionais”. “É um desafio com uma escala geracional, um desafio pelo qual seremos julgados”, afirmou o primeiro-ministro, que indicou que o mundo tem de “confrontar com a coragem de um leão” o Kremlin.

“Putin pensou que pensou que seria um trabalho curto, que conseguiria marchar sobre Kiev e que conseguiria fazer com que Zelensky abandonasse Kiev. Estava errado”, notou o primeiro-ministro canadiano, acrescentando que a decisão do Presidente russo em invadir a Ucrânia “foi uma rutura com a civilização”. “Foi uma tentativa de não cumprir com regras baseadas numa ordem que protege a liberdade.”

Ao longo do discurso, Justin Trudeau prosseguiu com os ataques ao Presidente russo: “Putin governa com base no engano, violência e repressão. Aprisiona o seu próprio povo e suscita sentimentos de xenofobia e racismo. Mas as suas ilusões imperiais na Ucrânia foram recebidas com uma defesa feroz”.

Para Justin Trudeau, Volodymyr Zelensky enfrentou Vladimir Putin — e o primeiro-ministro diz que o Presidente ucraniano pode contar com o Canadá para continuar com essa missão.